quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

MISTERO ĈU MISA TERO? / TERRA ERRO? MISTÉRIO?



Idearo levigas nin, enkatenas nin

– bonfaro
pro ĝi mortas ni, ploras ni, pluraj vivas
la tempo revadi forfuĝas
– misfaro
kaj tiu tempofluo mistero nomiĝas
sed pluas misteron tiu ĉi kalendaro:
sekvantaj numeroj ŝajnantaj soldatoj
nur datoj, nur tagoj, neniel ŝparo
apenaŭ ni vekas envenas mandatoj
patra, patrina, patruja, fratara.

Idearo nin premas, veni emas venene
idearo nin mordas, nin murdas, nin mortas
se menso mensogas, kiel vivi plene?
se menso trompiĝas, kiu vivas ĉu mortas?
ĉu eblas tiu daŭro okazi katene?
ĉu eblas misteron nin porti la Tero?  

************** 

Ideais nos levantam, enlaçam
– bondade
por eles se morre, se chora, se vive
o tempo do sonho escoa, se esvai
– maldade
o fluir do tempo se chama mistério
como é mistério esse calendário:
marcham números feito soldados
só dados, só datas, só fardos, só fardas
mal despertamos lá vêm os mandatos
paterno, materno, dos manos, da pátria.

Ideais nos apertam, já vêm com veneno
mordida, assassínio, mais morte
se a mente nos mente, quem vive pleno?
se a mente é trapaça, essa vida é morte?
talvez dure quanto o que prende e esmaga?
talvez só mistério essa Terra nos traga?  

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

DESAPEGO


que vitalidade assim me invade
apenas porque lúcido respiro

uma ofensa – flecha de arqueiro cego –
acerta o vazio onde antes ego

volta o ego ao aconchego:
a ofensa fere fundo meu apego

que dádiva o presente de grego!
do prefixo nasce enfim o desapego

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

RITO DE PASSAGEM / RITO DE TRANSIRO

do adolescente encantado traçando o vestibular
ao médico agora formado:
- Dom Rafaelito, enfim, chegaste lá!

antes de tudo e de mais nada não causar ofensa ou dano
seja o que se prefere:
jamais ferir... o primum non nocere

este preceito enfático seja muito mais que rima:
faça-se o lema hipocrático seu farol na Medicina,
guia de valor prático

no baile da formatura
outro evento ali rolava
e não só a Pris sabia
sabia também o Rafa
no semblante a alegria
servia como atestado
diagnóstico: euforia

etiologia: o noivado!

********************

RITO DE TRANSIRO

de ravita adoleskanto ekzamenon trapasinta
al kuracisto ĵusbakita:
- Don Rafaelito, fine venkinta!

antaŭ ol ĉio kaj ĉiam, neniel ofendi aŭ iun vundi
tiel vin kondutu prefere:
neniam vundi... tion: primum non nocere

ĉi emfaza ordono estu multe pli ol rimo:
iĝu la hipokrata lemo via lum-turo en Medicino,
plenvalora gvidilo

dum la diplomiĝa balo
alia evento okazadas
ne nur Pris tion sciadis
sciadis ankaŭ Rafa
mieno plena je ĝojo
jen kvazaŭa atestilo
diagnozo: euforio

etiologi’: fianĉiĝo!

domingo, 9 de fevereiro de 2014

FOME E SEDE/ MALSATO KAJ SOIFO


FOME E SEDE

a poesia tem fome e de justiça tem sede
aquilo que não tem nome
não escape à sua rede

novela telejornal seja filme ou seriado
tanto tiro estupro faca
... com anúncio no final

violência tão banal na vida existe mas pouco
mesmo com anos de estrada
a gente vê quanto soco?

quando a vida se ilumina isto não sai no jornal
quem lucra quem sai lesado?
quem paga a conta afinal?

  
MALSATO KAJ SOIFO

poezio ja malsatas kaj soifas pri justec’
ne fuĝu de via ret’
tio mistere sen nom’
  
novelo teleĵurnal’ film’ aŭ dramseri’
nur paf’ stupro tranĉil’
kaj je la fin’... eĉ anonc’

tia perfort’ malmultas en la viv’
eĉ se longedaŭre sperta
kiom da pugno-bat' oni ja entute vidas?

kiam vivo iluminiĝas, ĉu vidite en gazetar’?
kiu profitas kiu malprofitas?
kiu restas finfine troŝarĝita?