sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

O DENSO E O INCENSO

Paulo Nascentes
quando contactado,
o Princípio que in-forma
a forma que provisório habito
desvela - fragmento - o infinito
que Eu Sou,
revela o denso e o incenso
a pequenez do imenso
                       a imensidão do micro.

quando religado,
o canto que expresso
é sinfonia do universo
espelho que atravesso
mesmo surfando a superfície
profundidade do simples no complexo
simplicidade do nexo
                        e do sentido.

quando integrado,
o Ser em mim se sabe sendo
meu saber se alumbra e cala
cada nota ressoa e resvala
na ressonância de outra nota e nota
que essa outra, nascida do indiferenciado,
conhece o Campo Zero, mas se sabe Um
e entoa o cântico dos cânticos
onde repousa a suspeita do nada
o eco reverbera: há Um! há Um!

quando enamorado,
amante deslumbrado
ante o mistério radical do ser amado
o Ser se refaz perplexo: o seccionado, o sexo
o prenúncio da Unidade:
o Dois se faz Um
e se revela: há Um! há Um!
a diversidade do múltiplo
o disfarce do Um!
Unidade, o nome secreto
para sempre escondido
da simplicidade do nexo
                             e do sentido.