domingo, 22 de maio de 2016

Ensino de Homeopatia: considerações pedagógicas e metodológicas


Antecedentes

Mudanças nos atingem as certezas, afligem, inquietam e deslocam da doce zona de conforto. Nada mais sabido, desafiador e natural. No entanto, passado o susto inicial, retomadas a respiração e a capacidade de análise, os fantasmas desvanecem um a um ante as luzes do pensamento crítico. Aqui vão algumas considerações sobre intimidades do par amoroso ensino-pesquisa. Pode surgir uma espécie de terceiro incluído, sem, contudo, nesse caso, ameaçar a estabilidade do casal: a extensão – que nada mais é que a produção científica alcançando audiências na comunidade. Ao contrário, pode até fortalecer a relação entre o ensino e a pesquisa, especialmente se o corpo discente for orientado por seus professores a oferecerem palestras e cursos rápidos de elementos de compreensão dos mecanismos de saúde, adoecimento, terapêutica e cura homeopáticas, quem sabe nos Centros de Estudos dos seus locais de trabalho. Planejamento e ação nessa área podem resultar em excelentes oportunidades de estudo e difusão de conhecimentos.

Inquietações entre docentes, descontentamento entre os discentes que concluíram em 2015 o IX Curso de Especialização em Homeopatia para Médicos, capitaneado pelo Instituto de Saúde Integral – ISI, certa insidiosa sensação subjetiva de mal-estar geral. Tudo isso fez que a Direção do ISI procurasse o auxílio de uma Consultoria, que fez entrevistas, tabulou dados, produziu relatórios e reuniões. A Instituição ousava, assim, olhar para si mesma, suas opções de planejamento, ensino e avaliação, seu material didático, suas práticas pedagógicas. Alguma perplexidade, o sentimento de falta de chão e certo desassossego ainda pairam no ar, mas a esperança também tem acolhida nos corações neófitos nos caminhos inovadores da aprendizagem ativa baseada em projetos. Vem muito trabalho pela frente, caminhos desconhecidos, mas também se vislumbra uma excitação com a perspectiva de novas paisagens, novo olhar, nova aventura. De qualquer modo, seguimos ainda com certa inquietação. São sintomas que merecem ser anotados, estudados, repertorizados com calma, para a prescrição, o tratamento e observações adicionais, como o estudo criterioso para a escolha e aplicação da melhor estratégia. Conforme Nascimento, Cesar N., segue-se o estudo das matérias médicas referentes ao material produzido após uma patogenesia. E acrescenta o Prof. Cesar: “há algumas ‘tradições’ que, apesar da renovação, não podem ser deixadas de lado: muitas vezes se repete, através de nossas sensações durante o envolvimento com o processo, a experiência vivida pela experimentação no homem são”. Como grupo, na certa vamos precisar da escuta amorosa, paciente e imparcial, que nos conduza a novo patamar nas aprendizagens pessoais, ao reequilíbrio da força vital e à cura rápida, suave e duradoura.

Docentes em cursos de especialização em Homeopatia raramente são professores e quase sempre tiveram nas faculdades de Medicina médicos, eles mesmos dublê de professores, com pouco ou nenhum conhecimento didático-pedagógico. Postavam-se autocráticos, oradores razoáveis, medíocres ou geniais, ante uma plateia cansada, juvenil e passiva, e deitavam saberes e experiências acumulados na clínica, consultórios, hospitais. Com ou sem apoio de transparências projetadas, em geral reutilizadas anos a fio, faziam longas exposições respondendo solícitos a perguntas que sequer lhes tinham sido feitas, pois que o alunado só ficava sabendo o tema da aula no momento mesmo de assistir. Ouvida a preleção, muitos nem sabiam o que perguntar, se e quando lhes era oferecido o desafio do diálogo pedagógico. Este o modelo do dar aulas, repetido ad nauseam entre nós. Voltaremos a esse ponto: nossa resposta pronta para perguntas sequer presentes na cabeça do estudante. 
   
Leituras e reflexões em didática e pedagogia

Com a perspectiva de adoção de estratégias pedagógicas centradas no aluno e seu Projeto Pessoal de Desenvolvimento no Curso, o PPDC, foram enviados aos docentes diversos artigos em PDF, propostas de leituras e textos sobre metodologias baseadas em projetos, com características próprias e que estão longe de serem dominadas. Antes, exigirão estudos, reflexões e discussões por parte do corpo docente. Na verdade, tais leituras já começaram, no entanto, se adotarmos também para os docentes a Aprendizagem Baseada em Projetos, é justo pensarmos na nossa tarefa conjunta para 2016 como uma grande aprendizagem compartilhada e ativa nesses moldes que queremos implantar no Curso. Eis o Projeto Grupal de Desenvolvimento no Curso (não mais pessoal, mas envolvendo todo o corpo docente em favor do corpo discente). Enfim, uma mudança e tanto de perspectiva!

Depois que li, no início do meu magistério, o precioso livrinho Mutações em educação segundo McLuhan, de Lauro de Oliveira Lima (https://www.skoob.com.br/mutacoes-em-educacao-segundo-mcluhan-231311ed258648.html), minha prática pedagógica nunca mais seria a mesma. Logo tratei de ler deste e de outros autores livros sobre ‘técnicas pedagógicas de dinâmica de grupos’. Oliveira Lima insistia, instigante, que o aluno só começa a aprender “depois que o professor se cala”. E que era necessário disseminar a “galáxia de Gutemberg”, ou seja, o texto impresso, promover sessões de estudo dirigido, mergulhar na discussão cuidadosa do pensamento de autores, pesquisadores, bons articulistas. E então, de posse de novos conhecimentos, também pesquisar, produzir conhecimento, artigo, monografia, eis onde entra o Projeto Pessoal de Desenvolvimento no Curso. Mutatis mutandis, é preciso investigar em conjunto as infinitas possibilidades que se abrem para o ISI, seus docentes e discentes, com o acolhimento das tecnologias de informação, das páginas na Internet e da plataforma Moodle, como espaço virtual para as anotações de docentes e discentes. É preciso ousar. É preciso que ao magistério oral das aulas expositivas (carinhosa e jocosamente apelidadas de aulas-de-cuspe-e-giz) venha se somar o magistério escrito, da pesquisa, do artigo, da publicação do docente e dos discentes por ele orientados. Aliás, convém refletir também sobre as inevitáveis consequências nos procedimentos de Avaliação, em função desse deslocamento da ênfase do ensino para a aprendizagem. O que muda?

Avaliação

Fonte inegável de poder e controle docente, testes e provas têm lugar de destaque entre as medidas e instrumentos de averiguação da matéria, da disciplina ensinada. Conforme a tradição vivida por muitos de nós nos bancos escolares, o centro desse tipo de avaliação seria descobrir o quanto saberíamos devolver por escrito, de forma o mais aproximada possível, em datas específicas do calendário escolar, tudo aquilo que cada professor individualmente desenvolvera em sua sala de aula. Superposições de conteúdo, repetições, lacunas, incongruências eram varridas para debaixo do tapete, em nome do conceito caro ao indivíduo e sagrado da liberdade de cátedra. Fomos sobrevivendo e reproduzindo tais práticas, desconhecendo o que se vem pesquisando em Pedagogia. De qualquer forma, como deixar de atender ao sistema de provas e concursos alimentador de cursinhos especializados, a oferecerem macetes para provas de múltipla escolha ou mesmo discursivas? Ali estavam, ameaçadoras, as provas de ingresso para a Residência Médica e as provas de títulos de especialização. Enfim, ao final do processo de ensino, em datas específicas, viria a cobrança de resultados. Ora, quando se tem a ênfase deslocada para a aprendizagem, isto não poderá significar ausência do controle de qualidade do processo. Ao contrário, o conceito de Avaliação se tornará mais complexo e buscará alcançar os diferentes atores envolvidos. Sabe-se que um dado ponto-de-vista é também a vista desde de um ponto. Ora, o processo como um todo tende a se enriquecer quando à avaliação do aluno pelo professor se se somam a auto avaliação de cada um desses atores, a avaliação do desempenho do outros atores, do método, do planejamento, do material didático, dos próprios diferentes instrumentos de avaliação. Aliás, queiramos ou não, nós sempre avaliamos nossos professores bem como a qualidade dos nossos cursos que fizemos. Se havia ou não o registro disso num questionário próprio, são outros quinhentos. Por vezes a evasão discente dava o cruel feedback das fichas de chamada se esvaziando visivelmente. O que se percebe é a complexidade do fenômeno e a necessidade da adoção de múltiplos instrumentos e questionários geradores de informações úteis à correção de rumos. Conhecendo ao máximo o que pensam docentes e discentes sobre as experiências que compartilham, os gestores e coordenadores terão indícios seguros a serem estudados e equacionados para redimensionar o que está em curso ou para os próximos cursos. No âmbito da avaliação do desempenho do estudante, os instrumentos de maior peso deixam de vir quase que só no final do curso, para se tornarem os diversos registros no percurso, que podem receber conceitos imediatos a retroalimentarem o próprio percurso – antes que este se esgote.

Um dos fatores que fica claro nesse tipo de mudança é a democratização do processo de tomada de decisões, com o consequente envolvimento dos atores, eles mesmos sujeitos de suas inclinações, preferências, desejos e motivações intelectuais, corresponsáveis pelas escolhas e análises compartilhadas do fenômeno complexo que vivem e que buscam compreender e aperfeiçoar. Pensar a Homeopatia como a medicina da narrativa de uma subjetividade e de uma singularidade nas suas idiossincrasias implica buscar levar esse paradigma peculiar também para a esfera dos objetivos da aprendizagem, da pesquisa, da avaliação - realidades conexas e imbricadas. 
    
    Pesquisar é preciso...

Quando se fala em pesquisa em Homeopatia, naturalmente não se pode descartar as velhas revisões bibliográficas, resumos, resenhas, artigos, monografias. Porém, se consideramos mais a fundo a episteme mesma da Homeopatia, veremos que a fonte mais fecunda e tradicional desse saber nos remete, tanto à luz da história como da contemporaneidade, à experimentação no homem são, com medicamentos preparados segundo as leis da farmacopeia homeopática e, como ferramentas de investigação e aprendizagem, sobressaem as patogenesias pedagógicas bem como a auto observação orientada. Tudo isso aliado à prática ambulatorial compartilhada entre estudantes dos diversos grupos. A prática alimenta a reflexão teórica, que retorna e modifica a prática pelas discussões dos diferentes casos.  Eis a fonte do saber sempre original, autêntico, fenomenológico, que, uma vez vivenciado de forma intensa e pessoal, resulta no “saber de experiências feito” de que nos fala Camões. Eis a matéria prima primordial de estudos, artigos, papers para congressos, simpósios e jornadas de Homeopatia. A propósito, convém lembrar que existem muitos editores de revistas, jornais e periódicos, na área de Homeopatia, ávidos por bons artigos que, por sua vez, alimentarão de informações científicas relevantes os próprios cursos das chamadas Entidades Formadoras.

... concluir provisoriamente também

Por último, mas não menos importante, logo que a travessia tiver sido feita, e a plataforma Moodle e respectivas páginas eletrônicas estiverem abrigando a produção docente e discente, estes descobrirão como é prazeroso aprender pela investigação e pela pesquisa, e aqueles, o quão gratificante será o exercício do magistério oral (nas discussões e exposições motivadas pelas perguntas dos estudantes, leitores do material previamente indicado) acrescido do magistério escrito (representado pelos artigos científicos produzidos a várias mãos). E então teremos as evidências sobre o poderoso valor pedagógico das patogenesias na geração de mais e mais saber. E teremos, docentes e discentes, muito a contribuir nos congressos de Homeopatia e suas publicações. E teremos muito a dizer para a comunidade em cursos de extensão a serem oferecidos pelas equipes de estudos formadas no Curso. Começo a crer que isto possa ser divertido, desafiador e viciante. Veremos.

Bibliografia comentada



ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS. (2011). Pequeno vocabulário da língua portuguesa. 3 ed. São Paulo: Global. [Você vai acertar a grafia de todas as palavras. Existe também versão on-line no site da ABL.]
CLAVER, R. (2004). Escrever sem doer: oficina de redação. 2. ed. revista e ampliada. Belo Horizonte: Editora UFMG. [Método de redação de caráter lúdico, criativo, capaz de conciliar o prazer e a escrita.]
LAKATOS, E. M. & M. de A. Marconi. (1992). Metodologia do trabalho científico: procedimentos básicos, pesquisa bibliográfica, projeto e relatório, publicações e trabalhos científicos. 4 ed. São Paulo: Atlas. [Subtítulo descritivo e bastante esclarecedor,]
MÁTTAR NETO, J. A. (2002). Metodologia científica na era da informática. São Paulo: Saraiva. [Excelente breve história das ciências, métodos científicos e o trabalho científico na era da informática, com normas técnicas e citação de documentos eletrônicos.]
REIS, L. G. (2006). Produção de monografia: da teoria à prática. Brasília, DF: Editora Senac. [Aborda a Metodologia da Pesquisa no processo didático-pedagógico de produção de conhecimentos no Ensino Superior.]
SALOMON, D. V. (1996). Como fazer uma monografia. 4 ed. São Paulo: Martins Fontes. [Clássico sobre o tema. Rio em informações sobre como estudar, planejar e redigir trabalhos científicos.]
TACHIWAZA, T. (2001). Como fazer monografia na prática. 6 ed. rev. ampl. Rio de Janeiro: Editora FGV.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ. SISTEMA DE BIBLIOTECAS. (2015). Manual de normalização de documentos científicos de acordo com as normas da ABNT . Maria Simone Utida dos Santos Amadeus et. al. Curitiba: Editora UFPR. [Excelente manual, abrangente, atualizado, que aborda as mais diversas modalidades de textos científicos. Muito útil.]

USP São Carlos. Cursos. http://www.escritacientifica.com/pt-BR/videoaulas 
**********

Instruado de Homeopatio: metodikaj kaj metodologiaj konsideroj
Paulo Nascentes[i]

Antaŭoj
Ŝanĝoj trafas niajn certecojn, afliktas, makvietigas kaj transloĝiĝas de dolĉe komforta areo. Nenio pli sciata, defia kaj natura. Tamen, post la komenca surprizo, reprenitaj la spirado kaj analizokapablo, fantomoj vanuas unu post alia antaŭ la lumoj de la kritika penso. Jen kelkaj konsideroj pri la intimeco de la amanta paro instruado-esploro. Povas ekaperi speco de tria inkluzivigita, sen tamen, ĉikaze, minaci la stabilon de la paro: la etendiĝo – kiu ne plu estas ol la scienca produktaĵo atingante aŭdiencojn en komunumo. Male, tio povas eĉ fortigi la rilaton inter instruado kaj esploro, precipe se la studentaro estos orientataj de la instruistoj oferi rapidajn prelegojn kaj kursojn pri elementoj por kompreno de meĥanismoj de sano, malsaniĝo, homeopatiaj terapio kaj kuraco, eble en Studcentroj de iliaj laborlokoj. Planado kaj ago pri tiu areo povos rezulti bonegajn okazojn por studo kaj diskonigo de konoj.

Malkvietigo ĉe docentoj, malkontento inter studentoj kiuj finis en 2015 la IX Fakiga Kurso de Homeopatio por Kuracistoj, promociita de Instituto de Saúde Integral – ISI, iu nekaŝeble subjektiva sensacio de ĝenerala embaraso. Ĉio tio igis, ke la Estraro de ISI voku helpon de spertaj fakuloj, kiuj intervjuadis partoprenantojn, organizis kaj kalkulis datumojn, faris raportojn kaj kunsidojn. La Instituto tiel aŭdacis rigardi al si mem, siaj opcioj pri planado, instruado kaj taksado, sia instrumaterialo, siaj pedagogiaj praktikoj. Iu perplekseco, sento pri manko de bazo kaj iu malkvietigo ankoraŭ ŝvebas, sed espero ankaŭ venas al la neofitaj koroj pri la novigaj vojoj de la aktiva lernado surbaze je projektoj. Multa laboro venos, malkonataj vojoj, sed ankaŭ ekvidiĝas ekscito pro la perspektivo de novaj pejzaĝoj, nova rigardo, nova aventuro. Iel ajn, ni ankoraŭ daŭras kun iu malkvietigo. Tio estas simptomoj, kiujn indas noti, studi, trankvile repertuarigi, preskribi, pritrakti kaj aldone observi, same al la kriteria studo por elekti kaj apliki la plej bonan strategion. Laŭ Nascimento, Cesar, sekvos al tio la studo de medikamentaj substancoj rilataj al la produktita skriba materialo post patogenezio. Kaj aldonas Prof. Cesar: “estas kelkaj ‘tradicioj’, kiujn, spite al renovigo, oni ne povas preterlasi: multfoje ripetiĝas, tra niaj sensacioj dum nia envolvigo kun la procezo [patogenezio], la travivita sperto de la eksperimentado en sana homo”. Kiel grupo, certe ni bezonos aman aŭskultumadon, paciencan kaj eksterpartian, kiu konduku al nova ŝtupo niajn personajn lernadojn, al reekvilibro de la viva forto kaj al rapida, milda kaj daŭra kuracado.

Docentoj de fakigaj kursoj pri Homeopatio rare estas profesoroj kaj preskaŭ ĉiam ili mem studis en medicinaj skoloj gvide de kvazaŭaj profesoroj, kun malmulta aŭ neniu metodika-pedagogia kono. Tiuj docentoj sin prezentis aŭtokrataj oratoroj, ĉu mezbonaj ĉu geniaj, antaŭ lasa, juna, pasiva spektantaro, kaj donace disdonis konojn kaj spertojn kolektitajn en kliniko, konsultejoj, hospitaloj. Kun aŭ sen helpo de pedagogiaj projekciaĵoj, ĝenerale reutiligitaj dum jaroj, longe, diligente, ili prelegadis respondante demandojn, kiuj neniel estis prezentitaj, ĉar la studentaro nur sciadis pri la temo de la klaso dum la momento mem ilin spekti. Aŭdita la prelegon, kelkaj eĉ ne sciis kion demandi, se kaj kiam al ili estis donacitaj la defio de pedagogia dialogo. Tiu modelo lekcii estas ripetata ad nauseam ĉe ni. Ni revenu poste al tiu punkto: nia preta respondo al demandoj eĉ neniel ĉeestaj ĉe la kapo de niaj studentoj.
  
Legadoj kaj pripensoj pri metodiko kaj pedagogio
Antaŭ la perspektivo de adopto de pedagogiaj strategioj centrataj je la lernanto kaj respektiva Persona Projekto Disvolvota dum la Kurso, PPDC, estis senditaj al la docentoj pluraj artikoloj laŭ formato PDF, legaĵ-proponoj kaj tekstoj pri Lernado Bazita je Projektoj, kun propraj trajtoj, aferoj neniel de ni regataj. Male, ili postulos studojn, pripensojn kaj diskutojn flanke de la docentaro. Verdire, tiaj legadoj jam komenciĝis, tamen, se ni adoptos ankaŭ ĉe ni tiun Lernadon Bazitan je Projektoj, praviĝas, ke ni pensu nian komunan taskon por 2016 kiel granda kundivida kaj aktiva lernado laŭ tiu sama modelo, kiun ni volas enplanti en la Kurso. Jen la tielnomata Grupa Projeto Disvolvota dum la Kurso (ĉikaze ne plu persona, sed per la envolvo de la tuta docentaro favore al la lernantaro). Alivorte, grandega perspektiva ŝanĝo!

Post legi, komence de mia instrulaboro, la juvelon nome Mutações em educação segundo McLuhan [Mutacioj en Edukado laŭ McLuhan], de Lauro de Oliveira Lima (https://www.skoob.com.br/mutacoes-em-educacao-segundo-mcluhan-231311ed258648.html), mia instruado neniel plu estus la sama. Tuj mi eklegis de tiu kaj aliaj aŭtoroj librojn pri ‘pedagogiaj teknikoj de grupa dinamiko’. Oliveira Lima insistis, instige, ke lernantoj eklernas “nur post kiam la instruisto silentas” kaj pri la neceso diskonigi la “galaksion de Gutemberg”, tio estas, la printitan tekston, starigi orientitajn studsesiojn, merĝigi en la zorgema diskutado de la penso de aŭtoroj, esploristoj, bonaj artikolistoj. Kaj do, posedante novajn konojn, ankaŭ mem esplori, produkti konojn, artikolojn, monografion, jen do la Persona Projekto de Disvolvigo dum Kurso. Mutatis mutandis, bezonatas kune enketi pri la senfinaj ebloj kiuj malfermiĝas por ISI, ĝia docentaro kaj studentoj, post la adopto de la teknologioj de informado, retpaĝoj kaj de Moodle, kiel virtuala spaco por notoj de docentoj kaj lernantoj. Necesas aŭdaci. Necesas, ke al la parola instruisteco, tiu de pedagogiaj ekspozicioj (karese kaj moke kromnomataj kiel lekcioj-per-salivo-kaj-kreto), aldoniĝu la verkita instruiteco, tiu de esploro, artikolo, publikaĵoj de docento kaj studentoj gviditaj de la docento. Cetere, indas pripensi ankaŭ pri la nepraj sekvoj de tio rilate al proceduroj de Taksado, venintaj el tiu translokiĝo de la emfazo de instruado al lernado. Kio do ŝanĝas?

Taksado
Evidenta fonto de docenta povo kaj kontrolo, testoj kaj ekzamenoj elstaras meze al procedoj kaj iloj de investigado pri instruobjektoj, instruaj disĉiplinoj. Laŭ la tradicio spertita de multaj el ni ĉe lernejoj, la kerno de tia taksado estus malkovri tiom, kiom ni scius redoni skribe, per maniero la plej eble simila, dum specifaj datoj de la studenta kalendaro, ĉion tion, kiun ĉiu instruisto prezentadis en sia klasĉambro. Supermetado de enhavo, ripetoj, mankoj, malkongruoj estis balaitaj suben la tapiŝo, pro la sanktega koncepto de katedro, tiom kara al indiduoj. Sekvis ni pretervivante kaj reproduktante tiajn praktikojn, preterlasante sciaĵojn nuntempe esplorataj kadre de Metodiko. Ĉiel ajn, kiel preterlasi ekzamensistemon kaj konkursojn ili mem nutrantaj fakajn kursetojn, pretaj donaci artifikojn por plurelektaj aŭ eĉ diskursaj testoj? Jen, minacantaj, enir-ekzamenoj por Medicina Fakiga Staĝo kaj specifaj titoligaj ekzamenoj. Do, nur fine de la instruprocedo, je specifaj datoj, venus la rezultkontrolo. Nu, kiam la emfazo tranlokiĝas al la lernado, tio ne povos signifi mankon de kvalitkontrolo pri la lernad-procedo. Male, la koncepto mem de Taksado iĝos pli kompleksa kaj penos atingi malsamajn koncernajn rolulojn. Oni scias, ke iu vid-punkto estas ankaŭ la vido laŭ iu punkto. Nu, la procedo kiel tutaĵo emas enriĉiĝi rilate la taksadon de la studento fare de la instruisto, kiam al tio aldoniĝas la memtaksado de ĉiu rolulo, la taksado de la rendimento de aliaj roluloj, metodiko, planado, instruilaro, de la diversaj taksiiloj mem. Cetere, vole-nevole, ni ĉiam taksis niajn instruistojn kaj la kvaliton de kursoj de ni partoprenitaj. Se estis aŭ ne registroj pri tio per taŭgaj instrumentoj, tion oni ne scias. Foje pri la lernanta forlaso kruele informadis la evidente malkresko de la lernant-listo. Kio percepteblas estas la komplekseco de la fenomeno kaj la neceso de adopto de pluraj iloj kaj demandaroj kapablaj vidigi utilajn informojn por la voj-alĝustigo. Kiam oni maksimgrade konas tion, kion pensas docentoj kaj studentoj pri la kundividitaj spertoj, la mastrumantoj kaj kunordigantoj havos sekurajn indicojn studotajn kaj ekvaciotajn cele al redimensio de tio, kio okazas nun aŭ por la venontaj kursoj. Kadre de la taksado de rendimento de studento, la instrumentoj pli gravaj ne plu venos preskaŭ nur je la fino de la kurso, sed fariĝas la diversaj survojaj registroj, kiuj povas tuj ricevi taksojn, kiuj inform-nutros la kursovojon mem – antaŭ ol ĝia fino.

Unu faktoro kiu iĝas klara en tia ŝanĝo estas la demokratiigo de la procedo de decidfarado, kun la sekva envolvado de la roluloj, ili mem dependaj de siaj inklinoj, preferoj, deziroj kaj intelektaj motivigoj, kunrespondecaj pri elektoj kaj kundividaj analizoj de la kompleksa fenomeno kunvivata, kiun ili volas kompreni kaj pliperfektigi. Pensi Homeopation kiel la medicinon de la rakontado laŭ iu subjektiveco kaj aparta homo kun siaj idiosinkrazioj implicas klopodi transporti tiun apartan paradigmon ankaŭ al la sfero de lernoceloj, esploro, taksado – kompleksaj kaj intermiksitaj realaĵoj.
   
Esploro estas necesa...
Kiam oni parolas pri esploro en Homeopatio, kompreneble oni ne povas preterlasi tradiciajn bibliografiajn reviziojn, la preparadon de rezumoj, recenzoj, artikoloj, monografiaĵoj. Tamen, se oni plifunde konsideras la kognadon mem de Homeopatio, ni konstatos, ke la fonto plej fruktodona kaj tradicia de tiu scio nin kondukas, lume ĉu de Historio ĉu de nuntempeco, al eksperimentado en sana homo, per medikamentoj preparataj laŭ la leĝoj de la homeopatia farmakopeo kaj, kiel iloj de investigado kaj lernado, elstaras la pedagogiaj patogenezioj, same kiel la gvidata mem-observado. Ĉio tio kunigita al la ambulatoria praktikado kundividita kun studentoj de diversaj studgrupoj. La praktiko nutras la teorian pripenson, kiu revene modifas la praktikon per la diskutado de malsamaj klinikaj kazoj. Jen la sciofonto ĉiam originala, aŭtentika, fenomenologia, kiu, kiam spertita intense kaj persone, rezultas la tielnomatan “scio de spertoj farita”, pri kiu nin parolis Kamono. Jen la praa primara materialo de studoj, artikoloj, papers por kongresoj, simpozioj kaj aranĝoj de Homeopatio. Profite, indas memori tion, ke ekzistas multaj eldonistoj de fakaj revuoj, ĵurnaloj kaj periodaĵoj pri Homeopatio avidaj je bonaj artikoloj, kiuj, laŭvice, nutros pri gravaj sciencaj informoj la kursojn mem de tielnomataj Diplomigaj Institucioj.

... ankaŭ provizora konkludo
Laste, sed ne malpli grave, tuj post la transiro kompletiĝu, kiam tra Moodle kaj respektivaj retpaĝoj oni aperigos la docentan kaj studentan sciencan produktadon, studentoj malkovros, kiom plaĉa estas lerni tra investigado kaj esploro, kaj docentoj, kiom plezuriga estos la praktikado de la parola instruisteco (dum diskutoj kaj klarigoj motivitaj de demandoj de studentoj, legantoj de la legmaterialo antaŭe indikita) aldonita de la verkita instruisteco (reprezentata de sciencaj artikoloj plurmane verkitaj). Tiam do ni havos la evidentaĵojn pri la pova valoro de pedagogiaj patogenezioj por la konstruado de pli kaj pli sciaĵoj. Tiam ni, docentoj kaj lernantoj, havos multon por kontribui dum homeopatiaj kongresoj kaj ties publikaĵoj. Ni havos multon por diri al la komunumo dum etendiĝaj kursoj ofertotaj de studgrupoj starigataj dum la Kurso. Mi ekkredas, ke tio povos esti amuza, defia kaj dependiga. Ni tion vidos.

Komentita Bibliografio

ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS. (2011). Pequeno vocabulário da língua portuguesa. (Malgranda vortaro de la portugala). 3 ed. São Paulo: Global. [Vi trafos la ĝustan skribmanieron de ĉiu vorto. Ankaŭ ekzistas virtuala versio sur la retejo de ABL.]

CLAVER, R. (2004). Escrever sem doer: oficina de redação. (Verki sen doloro: metiejo pri verkado). 2. ed. revista e ampliada. Belo Horizonte: Editora UFMG. [Metodo de verkado tipe luda, kreiva, kapabla harmonie kunligi plaĉon kaj verkemon.]

LAKATOS, E. M. & M. de A. Marconi. (1992). Metodologia do trabalho científico: procedimentos básicos, pesquisa bibliográfica, projeto e relatório, publicações e trabalhos científicos. (Metodologio de la scienca laboro: bazaj procedoj, bibliografia esploro, projekto kaj raporto, publikigoj kaj sciencaj laboraĵoj). 4 ed. São Paulo: Atlas. [Subtitolo sufiĉe priskriba kaj klariga.]

MÁTTAR NETO, J. A. (2002). Metodologia científica na era da informática. (Scienca metodologio en la informadika erao.). São Paulo: Saraiva. [Bonega mallonga historio de sciencoj, sciencaj metodoj kaj scienca laboraĵo en la informadika erao, kun teknikaj normigoj kaj citaĵoj de elektronikaj dokumentoj.]

REIS, L. G. (2006). Produção de monografia: da teoria à prática. (Monografia farado: de teoria al praktiko). Brasília, DF: Editora Senac. [Ĝi pritraktas Metodologion por esplorado kadre de la metodika-pedagogia procedo de konofarado en Supera Instruado.]

SALOMON, D. V. (1996). Como fazer uma monografia. (Kiel fari monografion). 4 ed. São Paulo: Martins Fontes. [Klasikaĵo pri la temo. Riĉa je informoj pri kiel studi, plani kaj verki sciencajn laboraĵojn.]

TACHIWAZA, T. (2001). Como fazer monografia na prática. (Kiel praktike fari monografiaĵon). 6 ed. rev. ampl. Rio de Janeiro: Editora FGV.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ. SISTEMA DE BIBLIOTECAS. (2015). Manual de normalização de documentos científicos de acordo com as normas da ABNT. (Manlibro pri normigo de sciencaj dokumentoj laŬ normoj de ABNT). Maria Simone Utida dos Santos Amadeus et. al. Curitiba: Editora UFPR. [Bonega manlibro, kompleta, ĝistatigita, kiu pritraktas la plej diversajn tipojn de sciencaj tekstoj. Tre utila.]

USP São Carlos. Cursos. (Kursoj). (http://www.escritacientifica.com/pt-BR/videoaulas).






[i] Docente de Metodologia da Investigação Científica (ISI) e de Esperanto (UnB/UnB Idiomas)

terça-feira, 17 de maio de 2016

EU AB-SURDO / MI AB-SURDA

Resultado de imagem para absurdo

EU AB-SURDO
Eu, professor, que já nem sei o que professar,
eu, amante estéril da filosofia, leitor voraz,
que, por mais que Kant, possivelmente desafino
na crítica da des-razão pura, na acrítica
razão prática de toda a metafísica do mundo,
incapaz de descrever o olhar estupefato
da criança atônita que perdeu pais e irmãos
soterrados pela lama que desce dos corredores infectos
do congresso nacional serra de teresópolis abaixo,
soterrando boneca de pano sonhos e carrinhos de rolimã
encosta abaixo.

Eu, tradutor profissional, incapaz de traduzir a alma
do texto escrito em água furiosa, barrenta e leptospirose,
que me invade o barraco enquanto durmo. O estilo
me sufoca, tão impermeável à tradução como o asfalto,
o cimento, os bueiros entupidos e estúpidos
de que as águas agressivas da amorosidade do solo,
absorventes, se divorciam. E buscam o divã perplexo
da psicóloga deprimida na busca sôfrega
do diazepam de uma palavra... que não virá.

Eu, infectologista, numa sociedade ela mesma infectada
pelo desamor, ironizando meus compêndios e meus achaques.

Eu, homeopata das incertezas diluídas com o pé
d’água ameaçador que se veste de nuvem negra
e temporal medonho triturado pelos fármacos
das multinacionais das químicas sintéticas
a zombarem das aguinhas e glóbulos que não dispenso
e então dispenso ao paciente cuja paciência com o tratamento
há muito deslizou feito barranco e barraco morro abaixo.

Eu, filósofo clínico, filósofo cínico, filósofo cômico,
a desfilar verborragias incautas contra ouvidos surdos,
absurdos, ávidos pelas epistemologias que lhes prometem
o conhecer o ser do conhecer; e saber do que o saber é feito;
onde se refugia do argumento o defeito; do conceito
o inconcebível; da lógica mais rigorosa o destempero
voraz de uma coceira diabólica na sua ilogicidade.

Eu, eleitor destrambelhado, que me deixei levar
pela avalanche da demagogia mais deslavada,
e que votei na urna funerária que conduzirá à casa
das centenas o número de mortos e à casa
dos milhares os desabrigados. E na urna eletrônica
que nos dará orgulho entre as nações.

Eu, político impublicável como o palavrão
aqui engolido, administrador da coisa pública,
aliás, pública e impudica, como o-cu-da-mãe-joana!

Eu, prefeitinho de merda, que não tratei o esgoto
a céu aberto, deputado que sonha com o senado
e vota sem pestanejar o aumento
de seus proventos e pras calendas gregas aborta
uns tico-ticos a mais no agonizante salário
mínimo.

Eu, funcionário público de médio escalão,
que tenho licenciado obras nas encostas de morro,
firmes gelatinas de sabor propina, uísque de natal
que me brindou o dono da construtora, ele mesmo
senador travestido de empresário, vampiro temerário,
golpista articulado com setores da injustiça.

Eu, que me mordo de culpa, porque o medicamento
já não alivia os pruridos, sarnas e sarneis, coronéis
dos jornais e das concessões de tevês autoconcedidas,
vermelhidão pruriginosa a sangrar à exaustão
a verba publicitária, a contorcer a verba orçamentária
desviada pras contas suíças dos suínos. E meu
eleitorado, os sobreviventes da tragédia, limpando
o rosto sujo e as escoriações, dizem, entre soluço
e lágrimas, que, graças a deus, deus me levou tudo,
mas me deixou forças pra recomeçar.

Eu, autoridade recém-empossada, ministro ou secretário
de estado, agora com foro privilegiado, lanço a culpa
no meu antecessor (se de outro partido for) e digo
que devemos rezar para que a chuva dê uma trégua.
Depois, já em palácio, entre correligionários e puxa-sacos,
sirvo o Scotch whisky que nos vai lavar a égua. Mesmo com
a vaca indo pro brejo!

Eu, que num sábado de manhã e tarde, desejoso de mandar
que se met-a-física no cu da mãe dessa cambada, acabo
ficando comportado e lendo e comentando e discutindo
o valor da axiologia, o saber superior da epistemologia,
o diabo da dialética, o fenomenal da fenomenologia,
o vazio existencial dos existencialistas, alguns deles
suicidas como os que escalaram o morro em niterói
e lá plantaram seus barracos na terra podre do chorume,
com o beneplácito explícito dos burocratas do departamento
de meio-ambiente da secretaria de obras desmoronáveis
do município onde-o-judas-perdeu-as-botas.

Eu, que mesmo só com duas letras, estou no meio de dEUs
e não o compreendo. Não no formato publicitário
das instituições religiosas. Nem todas as teologias
do mundo e seus alfarrábios rabugentos e empoeirados
pelos séculos dos séculos me explicam tim-tim-por-tim-tim
o porquê da palidez daqueles olhinhos assustados
pela perda da família, mastigando palavras anestesiadas
pela dor e pela impertinência da pergunta do repórter
da tevê, no seu programa calhorda de imprensa marrom
como a lama, que lhe lambe as botas fornecidas
pelos patrocinadores da emissora – a única que entra
em cadeia – mas, logo, logo, a liminar de um luminar
e o habeas corpus de um corpulento juiz relaxam
a prisão.

Eu, que tenho sido chamado de ego, que tenho sido
escorraçado pelas psicologias, que tenho frequentado
egolatrias, egoísmos, egocentrismos, eu, esse poço
de vaidades, esse emaranhado de crenças familiares,
culturais, filosófico-religiosas, eu, que num sábado
manhã e tarde, busco refúgio e consolo
e acolhimento nos textos eruditos de um filósofo,
mesmo que de botequim, que me venha explicar,
ou complicar, as vetustas perguntinhas: quem
sou eu, de onde vim, pra onde vou e, afinal,
que diabo estou fazendo aqui, no meio desse texto,
que não me alisto como voluntário na solidariedade
televisiva, com patrocínio da indústria de tratores,
pás mecânicas e vacinas? Eu, meu caro, minha cara,
eu, para sempre surdo. Eu ab-surdo! surdo! surdos!

"E no entanto é preciso cantar. Mais que nunca é preciso cantar.
É preciso cantar e alegrar a cidade". (Vinicius de Moraes).

***********************

MI AB-SURDA
Mi, profesoro, kiu jam ne scias tion, kion profesi,
mi, senfrukta amanto de filozofio, manĝegema leganto,
kiu ju pli Kant, tutcerte despli min misagordas
en la kritiko de la misracio pura, en la senkritika
racio praktika de ĉia metafiziko de la mondo,
nekapabla priskribi la konsternatan rigardon
de la surprizita infano, kiu perdis gepatrojn kaj gefratojn
subterigitaj de la koto, kiu forfluas de la koridoroj infektaj
de la nacia kongreso monton de Terezopolo malsupren,
subterigante ŝtofopupon revojn kaj lud-aŭteton je rullagro
deklive suben.

Mi, profesia tradukisto, nekapabla traduki la animon
de la teksto verkita de furioza akvo kotoplena leptospirozo,
kiu min invadas la domaĉon dum mi dormas. La stilo
min sufokas, tiom malpermeabla al la traduko, kiom la asfalto,
la cemento, la kloakfaŭko obstrukciita kaj krudaĉa
de kiu la agresemaj akvoj de la sojla amemo,
sorbeme, sin divorcis. Kaj nun ili volas la perpleksan divanon
de la psikologino deprimita dum sufera serĉo
de la diazepamo* de iu vorto... kiu ne venos.

Mi, infektologo, en socio infektata ĝi mem de malamo,
ironiante miajn kompediojn kaj malsanetojn.

Mi, homeopato de la malcertecoj diluitaj de la minacanta diluvo
vestita de nigra nubo kaj terura tempesto pistita de farmakoj
de plurnaciaj entreprenoj kaj sintezaj ĥemiaĵoj
mokantaj pri akvetoj kaj globetoj, kiujn mi ne preterlasas
sed do liberigas al paciento, kies pacienco pri la tratamento
delonge glitis, kia krutaĵo kaj domaĉo monte suben.

Mi, klinika filozofo, cinika filozofo, komedia filozofo,
montrante malprudentajn multvortemegojn kontraŭ surduloj,
absurdaj, avidaj je epistemologioj, kiuj lin promesu
koni la esencon de la kono; kaj scii el kiu konsistas la scio;
kie sin kaŝas de argumento la difekto; de koncepto
la malkocepteblo; de la logiko plej rigora la subita kaprico
vorema de diabla juko kaj ĝia mallogikeco.

Mi, freneza balotanto, kiu min lasis konduki de la lavango
de la demagogio plej mallavita
kaj voĉdonis per la funebra urno, kiu kondukos al centoj
la nombron de mortintoj, al miloj tiun de senloĝejuloj.
Kaj per la elektronika urno, kiu nin plenigos de orgojlo
inter la nacioj.

Mi, nepublikigebla politikisto, kia la fivorto
ĉi tie englutita, mastrumanto de la publika afero,
plibone, publika kaj seks-hontema, kia anuso-de-panjo-johanino**!

Mi, urbestreto de merdo, kiu ne zorgis pri la subĉiela kloako,
deputito, kiu sonĝas pri la senatejo,
kaj senhezite voĉdonas la plialtigon de siaj rentoj
sed prokastine abortigas pliajn groŝojn
favore al la agoniante minimuma salajro.

Mi, publika funkciulo de mezgrada rango,
kiu licenciadas vorkojn sur deklivoj de montetoj,
firmaj gelatenoj gustantaj trink-monon, viskio kristnaska,
kiun min donacis la posedanto de konstrua entrepreno, li mem
senatano travestita de entreprenisto, kuraĝega vampiro,
puĉisto koluziita kun sektoroj de maljustico.

Mi, kiu min mordas pro kulpo, ĉar la medikamento
ne plu mildigas la jukojn, akarozojn kaj sarnejojn,*** koloneloj
de gazetaro kaj de koncesioj de televidkanaloj memkoncesiitaj,
haŭt-ruĝego jukema ĝislima sangado
de la publiciaj mon-sumoj kaj tordigoj de la buĝetaj mon-sumoj
misvojitaj al la svisaj kontoj de fuŝuloj. Kaj mia
voĉdonantaro, la travivantoj de la tragedio, lavante
la malpuran vangon kaj kontuzojn, diras ke, meze al singulto
kaj larmoj, dank’al dio, dio min forigis el ĉio,
sed lasis al mi fortojn por rekomenci.

Mi, aŭtoritatulo ĵus-enpostenigita, ministro aŭ sekretario
de ŝtato, nun kun privilegia tribunalinstanco, kulpigas
mian antaŭulon (se de alia partio) kaj diras,
ke ni devas preĝi por ke la pluvo milit-paŭzu.
Poste, mi, jam en palaco, inter fi-samideanoj kaj flataĉuloj,
servadas la Skotan viskion, kiu nin lavos la ĉevalinon.**** Eĉ se
la bovino iros al la marĉo!*****

Mi, kiu sabate matene kaj vespere, dezirante ordoni,
ke oni met-a-fiziku en la patrinan pug-truon de tiu fiaĉularo, ĵus
iĝis bonkonduta kaj leganta kaj komentanta kaj diskutanta
la valoron de aksiologio, la superan saĝon de epistemologio,
la diablon de dialetiko, la fenomenan fenomenologion,
la ekzistan sencelo de ekzististadismuloj, kelkaj el kiuj
memmortigistoj, kiaj la grimpantoj de iu monto en Niterojo,
kiuj tie plantadis siajn domaĉojn sur la putrefakta sterk-tero,
kun la eksplicita konsento de burokratoj de la departemento
de medi-protektado de la sekretario de vorkoj ruinigeblaj
de la komunumo kie-Ĵudaso-perdis-la-botojn.******

Mi (io), kiu eĉ nur per du literoj, staras meze de dIOj
sed ne ŝ/lin komprenas. Ne laŭ la publicia formato
de religiaj institucioj. Eĉ ne ĉiuj teologioj
en la mondo kaj malnovaj libraĉoj grumblemaj kaj polvo-kovritaj
pro la jarcentoj de jarcentoj min ekspliku tintin’-post-tintine
la kialon de la paleco de tiuj konfuzitaj infanokuletoj
pro la perdo de la familio, maĉante anesteziitajn vortojn
de la doloro kaj impertinenco de raportistaj demandoj
de TV, dum kanajla programo de bruna figazetaro,
kia la koto, kiu lin lekas la botojn donacitaj
de sponsoroj de la TV-kanalo – la sola, kiu katene eniras
en reton – sed, tuj, tuj, la limino-dokumento de luminulo
kaj la habeas-korpuso de korpulenta juĝisto nuligas
la areston.

Mi, kiu estadis nomumita kiel egoon, kiu estadis
forigita de psicologioj, kiu frekventadis
egolatriojn, egoismojn, egocentrismojn, mi, tiu puto
de vantecoj, tiu embarasego de familiaj,
kulturaj, filozofiaj-religiaj kredoj, mi, kiu sabate
matene kaj vespere, serĉas rifuĝon kaj konsolon
kaj akcepton en la erudiciaj tekstoj de filozofo,
eĉ se de drinkejo, kiu min venu ekspliki
aŭ kompliki la antikvajn demandetojn: kiu
estas mi, el kie mi venis, kien mi iros kaj, finfine,
kion diable mi faras ĉi tie, meze al tiu teksto,
ke mi ne aliĝu kiel volontulo de la televida
solidareco sponsorata de la industrio de fosaj veturiloj,
meĥanikaj ŝoveliloj kaj vacinoj? Mi, karulo, karulino,
mi, por ĉiame surda. Mi ab-surda! surda! surdaj!

"Tamen oni bezonas ja kanti./ Pli ol neniam bezonas kanti./
Bezonas kante ĝojigi l' urbon". (Vinicius de Moraes, brazila komponisto).

Notetoj:
* Farmako de la familio de benzodiazepinikoj, heterocíkliko, kristalina pulvoro uzata kiel ansiolitiko, antikonvulsiviga, moskola rilaksiga kaj kvietiga medikamento.
**  Loko kie ajna persono miksas, malordigo. 
*** Brazila senatano, eks-prezidento de Respubliko, tutpova interlanda 'kolonelo'. 
**** Esprimo uzata kiam iu havas grandan venkon, avantagxon kaj profito.
***** Esprimo signifanta, ke io fiaskis, io ne planata okazis.
****** Esprimo uzata por indiki distaj, foraj lokoj.