domingo, 21 de maio de 2017

SEM BULLYING NO CAFEZINHO / SEN BULLYING DUM KAFOPAŬZO

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        Já sem poder suportar foi dar queixa ao Diretor. Até mudar de escola cogitou. Água fervente, ebulição, cabeça quente e bullying de todo lado. Tentou viver afastado, o pátio não frequentava, na sala de aula calado, mas na hora da saída vinha a galera zoar, que o Avô era ladrão, que o Avô era ladrão, que o Avô era ladrão, político tão popular. Pensou em bater nuns três, sonhava surra exemplar, mas... não ainda dessa vez. Xingamento, empurra-empurra nem Era o pior da história. A dor batia bem fundo nos risos mais debochados misturados ao refrão: O netinho do ladrão! O netinho do ladrão!

        O suplício começou – show de circo na TV – na votação que cassou o mandato da Presidente, pretexto não comprovado, mas com aval do Supremo, população dividida, ódio esquisito no ar num Fla-Flu de arrepiar campeonato de sandices. Será que isso vinha ao caso? Ocaso de uma quadrilha, ascensão de outra quadrilha? Palácio esconderijo de ministros sinistros, na chefia o meliante passava a ser comandante supremo das forças armadas? Chutado o pau da barraca, eis o barraco armado: verbas de publicidade vinham desgovernadas e a mídia despudorada só nadando de braçada! Seguidor ou não do pato, já de sorriso amarelo, iria pagar o pato poucos meses depois, o prejuízo do trabalho já vinha terceirizado, um pouco mais de indecência no remendo da imprevidência sem o povo consultado ou discussão qualificada, muito pouca discussão. Nos jantares no palácio, tudo na conta do povo, propinas, afagos, cargos, delírio de apadrinhados, a chusma de parlamentares saindo pelo ladrão!

        Lá na escola a turba avança: O netinho do ladrão! O netinho do ladrão! Até que o Coordenador anotou todos os nomes e foi na sala intimar: você, você, você, você... vão ter que se apresentarGabinete do Diretor. Não é que sobrou pra mim, que vinha sendo assediado na covardia sem fim! A bronca do Diretor, se prefere chame esporro, envolta em muito amor, tinha lição de moral em palavras muito duras. Duas meninas choravam, três garotos não sabiam onde esconder a cara. E a parte que me cabia, apesar da gravidade, vinha em voz bem macia. Éramos os futuros mandatários da combalida Nação. Estudássemos pra valer! Ao saber intelectual, por mais valor que tivesse, deveria se somar um respeito à toda prova ao direito sagrado ao livre pensamento e à livre expressão, mas ouvindo, mente aberta, o divergente, o contrário. A vida nos ensinaria que só com paz e harmonia iria a Nação superar o ódio, a intriga, a cobiça, abutres sobre a carniça ou colibris a voar? Disputa civilizada, temas aprofundados, debate mesmo acalorado, mas com muita educação, o adversário complementa, não é inimigo não, valesse a lei para todos, mesmo os amigos do rei! Olhinhos arregalados, não só meninas choravam, garotos lacrimejavam, o Coordenador disfarçava. E quando veio a sentença já tinha até quem sorria, não quero saber de briga, não quero saber de manha, amanhã já de manhã, quero a campanha na Escola, cada um sabe a missão: vocês vão de sala em sala conseguir a adesão para o torneio de músicas, festival de poesia, concurso de redação. O tema vocês já sabem! Quem pode aqui mencionar?

       O colega mais agressivo, o primeiro a me abraçar. Depois de tantos abraços disse assim ao Diretor:

      - Nosso tema vai bombar. Vê só: “Escolha bons argumentos, mas fale com o coração!”

       Sucesso. Euforia. Emoção.


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        Jam plu sen elteneblo li plendas al Lernejestro. Eĉ lernejoŝanĝo jam venis al lia kapo. Akvo bolanta, bolado, varmokapa ĉiuflanka bullying. Ekvivis li tute sola, korton ne plu frekventis, lernoĉambre silente, sed dum la elira horo amase venis mokado, la Avo jen ŝtelisto, la Avo jen ŝtelisto, la Avo jen ŝtelisto, politikisto tiom popola. Volis bati almenaŭ tri, sonĝis avertan batadon, sed... ne ankoraŭ ĉifoje. Sakrado, puŝ-puŝado ne estis la plej malbono. Doloro venis pli funda pro la plej mokantaj ridoj kunige al la refreno: La nepeto de ŝtelisto!, La nepeto de ŝtelisto!, La nepeto de ŝtelisto!

       La turmentego komencis – cirkla spektaklo per TV – dum la balot-sesio nuliganta la mandaton de la Prezidentino, pro preteksto ne elmontrita, sed de l’ Supera Kortumo benita, popolo disdividita, malamo stranga en la aero kvazaŭ klasika maĉo tremiganta la stultaĵan ĉampionecon. Ĉu afero iel grava? Subiro ĉu de bando, ascendo de alia bando? Ĉu Palaco rifuĝejo de fifamaj ministroj, subgvide de la fripono starigita superan komandanton de la armeo? Ŝotita la apogstangon, jen ĥaoso starigita: porpropagandaj mon-sumoj venis tute senbride, malŝparema gazetaro monprofitegon gajnanta! Sekavanta aŭ ne la anason, jam konsternita la rido, la popolo pagus la fakturon kelkajn monatojn poste, la labora malprofito venis jam tria-uligita, iom pli da maldeco dum la flikaĉo de la malprudeco sen popola konsulto aŭ kvalifika diskuto, tre malmulta diskutado. Dum bankedoj en palaco, pagitaj de la popolo, tink-mono, mondonaco, postenoferto, deliro de protektitoj, troabundo de parlamenta friponaro!

        En la lernejo antaŭeniras homamaso: La nepeto de la ŝtelisto! La nepeto de la ŝtelisto! Tio ĝis kiam la Kunordiganto notis ĉiujn nomojn kaj sin direktis al ĉiu lernoĉambro por ordoni: vi, vi, vi, vi... nepros sinprezenti en la Lernejestra Kabineto. Ankaŭ eĉ mi mem, la sieĝita de tiu senfina kovardaĵo! La riproĉego de la Lernejestro, ege amplena veninta, enhavis moralan lecionon per tre krudaj vortoj. Du knabinoj ploradis, tri hontaj knaboj ne sciis kie sin kaŝi. Tiu parto al mi direktita, malgraŭ la graveco, venis per milda voĉo. Ni estis la estontaj estroj de la malvigligita Patrujo. Vere ni do studu! Al la intelekta kono, malgraŭ ĝia graveco, devus esti aldonita senlima respekto al la sankta rajto al libera penso kaj libera esprimo, sed ĉiam aŭskultante per malferma menso la malakordantojn, la konstraŭulon. Vivo nin instruos, ke nur per paco kaj harmonio eblos al la Nacio superi malamon, ĉikanon, avidon. Ĉu ni estus vulturoj sur la putraĵo, ĉu volantaj kolibroj? Civilizitaj disputoj, temaj profundigoj, debato eĉ varma, sed tre edukita, jen kontraŭulo nin komplementas, ne estas malamiko, valoru leĝoj por ĉiuj, eĉ amikoj de l’ reĝo! Etaj okuloj malfermegitaj, ne nur knabinoj ploradis, knaboj larmetis, la Kunordiganto kaŝis. Kiam venis la veredikto kelkaj eĉ ridetis. Mi ne volas scii pri malpaco, mi ne volas scii pri ploraĉo, morgaŭ jam matene, mi volas vidi la kampanjon en la tuta Lernejo, ĉiu konas la mision: vi iros lernoĉambren post lernoĉambro varbi por la muzikturniro, poezifestivalo, redaktaĵ-konkurso. La temon jam vi scias! Kiu nun ĝin mencius?

       La plej agresema kolego, la unua min brakumi. Post tiom da brakumoj, tiel mi diris al la Lernejestro:

      - Mi certas, ke nia temo furoros. Jen ĝi: “Elektu bonajn argumentojn, sed parolu nur tutkore!”

        Sukceso. Eŭforio. Emocio.

segunda-feira, 15 de maio de 2017

VIDA EM QUADRINHOS / BILDSTRIA VIVO

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a vida poesia ambígua sobremesa de domingo
vem com calda de morango coberta de chocolate
roda gigante suspensa na memória mais antiga
pipa de papel voada
linha de passe botão na calçada
beijo e afago da Vovó sabonete lifebuoj
cauboi que sempre ganhava muitos beijos da mocinha
o dedo já sem tampão
arrancado na topada
depois de um tempão tinha o beijo na pelada
entre sonhos vislumbrada
gosto da goiaba cheiro do limão
furtiva uma trepada
muro laranja lima
pipoca no cinema
punheta lençol macio beijo dedos na calcinha
a prima tão desejada
a primeira namorada
o caderno das canções

na poesia ambígua também o couro comia
a surra prometida nunca me sai da memória
mas tinha o cabo rustie o tenente rip master
e estrelando rim tim tim!
mergulhos com mike nelson
de noite ou de dia/ forte e confiante/
vai pela rodovia/ bravo vigilante//
tinha o sargento garcia
tinha a marca do zorro
a vida aquela poesia
onde não se escolhe o par

o pai que vinha de trem
na pasta o gibi e o jantar
vida antiga tão moderna
seleções do reader’s digest
as piadas de caserna
carlos zéfiro escondido
livrinho de sacanagem
por dentro do catecismo
vida ruim? uma ova!
em redondilha maior
a poesia cabia
bola de gude na trova!

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ambigua poezi' vivo dimanĉa desert’
ĉu kun sirop’ de frag’ ĉu ĉokolada kovraĵ’
spekto-radego pendanta je l' plej antikva memoraĵ’
fluginta papera kajto
pas-linio trotuara butonlud’
kis-kareso de Avinjo tualet-sap’ lifebuoj
bovo-gardisto gajnanta plurajn heroinan kisojn
pied-fingro jam sen supro
pro pied-frap’ elŝirita
antaŭ longe tiu surnudina kiso
meze al sonĝo ekvidita  
gusto de gujav’ flaro de citron’
ŝtelrapida fikad’
muro limeo oranĝ’
krev-maizo en kinejo
sinmasturb’ en milda tuk’ kiso fingro kalsonet’
kuzino ja dezirata
unua kor-amikin’
la kanzonara kahier’

ambigua poezie ankaŭ ja la skurĝo siblis
promesita la batado ĉiame en la memor’
sed jen kaporalo rustie leŭtenanto rip master
kaj stelece rim tim tim!
subakviĝ’ kun mike nelson
vespere aŭ dumtage/ forta kaj fid-plena/
iras tra la ŝoseo/ brave la gardist’//
jen serĝento garcia
jen la marko de l’ zor’
la vivo jen poezi’
ne elekteblas l’ par’

la patro veninta per trajn’
en la teko bildrevu’ kaj vespermanĝ’
vivo antikva tiom moderna
legaĵo de reader’s digest
jen la ŝercoj de kazerno
carlos zéfiro kaŝita
libreto pri friponaĵ’
ene de l’ katekismo
malbona vivo? ho ve!
en sepversaĵ’ popola
poezio enteneblis
en la trob’ lud-globet’!

domingo, 7 de maio de 2017

BOCA DA NOITE / KREPUSKO

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não sei se te manuscrito
te teclo ou digito
sei que em mim agito
o que não sei me ferve
o que te dou nos serve
o meu silêncio grito

não sei que borboleta
me deu tantas cores
todos os amores
todos sim prancheta
onde se desenha
teu perfil teu cheiro
me atraiu zangão
teu mel me lambuza
eu te polinizo
selo cela coração

seja manuscrito seja digitado
meu poema te amoleça
e no entusiasmo
a vista escureça
no torpor do orgasmo
teclas se embaralham
na mensagem louca
versos como estrelas


céu da tua boca

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ĉu manskribi vin   
ĉu tajpe klavi vin     
io agitiĝas io ekbolas min  
kio vin mi donas tio taŭgas nin   
silenton krias mi   

kiu papili’ (ne scias mi)  
tiom da koloroj 
ili donis min 
ĉiu am' ĉiu amor’  
ĉio jen tabul’     
desegniĝo via   
via profil' odor’  
allogas min ĉi vir-abel’   
satigas min via miel’  
mi polenigas vin    
sigelo ĉelo kor'  

ĉu manskribe ĉu klavite  
mia poem’ kor-tuŝu vin
eĉ mia entuziasmo
sveni venu vin    
en hebeteca orgasmo
klavomiksiĝo freneze mesaĝa 
verso-stelumadas
  
via buŝplafon’     

segunda-feira, 1 de maio de 2017

ARTO KAJ HARMONIO

Jen harmonio.

https://www.youtube.com/watch?v=36L_L2H5eCg


Ĉu?