quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

REENCONTRO DE IRMÃOS/ FRATA RENKONTO


1

meu velho e torto coração poeta

com este sério cérebro sagaz

celebra belo o acordo de figurinhas trocar

tanto tempo se estranhando como agora começar?

2

viviam encastelados cada qual na sua língua

tanto papo acumulado tanto entendimento à míngua

a fria nação do Norte morde o Sul ao imperar

joga palavras e números

aturdido o coração sente o quadro – sacanagem!

vinha tanta inequação sem tradução para imagem:

aquele nó na garganta aquela imensa friagem...

3

no salão o burburinho estatísticas berravam

metáforas, nem um pio!

cérebro em ponto final coração, exclamação!

surge a interrogação: em que língua se expressar?

4

a impostora tradição salta aos olhos secular

a língua do grande irmão se entortou e se expandiu

compreensão meia boca o entendimento fugiu

veio de gênio o toque

no menino em Bialistoque[1] faz tempo já conversavam

brincando se completavam o  cérebro em seu rigor

e o coração puro amor – amizade à toda prova!


5

guerras brigas tiro e cova tudo com dias contados?!

inocência diz que sim, e experiência, uma ova!

foi cada qual pro seu canto o canto frio da certeza

e canto do desencanto

nada disso faz sentido já temos língua em comum

para alfinetar o amigo e fazer dele inimigo

chuto o balde e mato um e com gostinho de sangue

só mais um vou esfolar

a língua do coração lá vinha o cérebro usar!


6

o princípio da incerteza destilou seu desencanto

mesmo falando esperanto não vejo nada tranquilo

instrumento de tortura esse tal komunikilo[2]!

sem me sentir homarano[3] de que vale esse esperanto?


o coração sente um brilho e ao cérebro cochicha


quem cochicha o rabo espicha quem escuta o rabo encurta


- dizia Vovó num canto


reina em mim separação disse o cérebro afoito


e os corações... somos um! no meio do burburinho


tomando chá com biscoito em vislumbre e encanto 

esperanto e Esperanto proclamam - sim, somos um!

          em cada nova geração novo sonho a implantar

          será que nós somos um? ... deixe o coração falar!




[1] Cidade polonesa onde nasceu L.L. Zamenhof, iniciador do Esperanto
[2] Em Esperanto, ilo (instrumento) por komuniki (para comunicar), quando não se fala a mesma língua.
[3] Em Esperanto, hom(o) + ar(o) + ano, diz-se daquele que se sente, em contexto internacional, membro (ano) da coletividade (aro) de humanos (homo).


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1



mia olda torda poeta koro

kun ĉi serioza cerbo sagaca

belan akordon celebras

pri pli bona interŝanĝad'

tiom da temp' en disputo kiel nun komenci ja?

2

enkateninte vivis ĉiu en sia propra lingvo  

ja tioma babilar' ja tioma miskompren'   
  
malvarma norda naci' sudan mordas reganta

vortojn kaj nombrojn ludanta

konsternite mia kor' sentas fian la framon!


tiom da malkongrueco sen ia traduko al bildo:

tiu bulo en mia gorĝo tiu grandega malvarmo...

3

en la salono zumado statistika kriado

metafor' silentigita!

cerbo je punkto fina koro je signokri'!

ekvenas la demand': sin esprimi kiulingve?

la trompiga tradici' saltas al laikaj okuloj

la lingvo de l' granda frato en kliniĝa ekspansi'

miskompreno duonfuŝo interkomprena forkuro

venis la genia tuŝo

la knab' en Bialistok' delonge jam paroladis

ludante sin kompletigis la cerbo en rigoreco

kaj la koro pura am' - plentestata amikeco!

4

militoj bataloj paf' kaj kavo ĉu finiĝantaj tiuj tagoj?!


senmalico diras jes, kaj sperto, mia pugo!

iris ĉiu al sia angulo malvarma angul' de certeco

angul' de seniluzi'  
    
nenio el tio sencon havas interlingvon jam ni havas

por piki l' amikon kaj igi lin malamikon

piedbate en sitelo ja mortigi unu pli, pro la sanga gusteto

nur unu pli senhaŭtigi

5

la lingvon de l' koro venis la cerbo uzi!

la necerteca principo seniluziiĝon distilis

eĉ se paroli esperanton nenia kvietigo

instrumento de torturo tia komunikilo!

sen senti min homarana al kiu valoras esperanto?

6

la koro sentas brilon kaj al cerbo ekflustras

kiu flustras l' vosto kreskas kiu aŭskultas l' vosto kurtas

- diris Avinjo en angulo

reĝas en mi apartigo diris la cerb' temerara

kaj koroj... estas ni unu! Meze de tiu bruo

havante teon kun biskvito en ekvido kaj ravo

esperanto kaj Esperanto proklamas - jes, ni estas unu!

          en ĉiu nova generacio nova sonĝo enmetota

          ĉu eble ni estu unu ... lasu la koro paroli!










 

domingo, 12 de fevereiro de 2017

PRIMO COM PRIMA/ KUZO KAJ KUZINO

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1
desejos quem reprime ou suprime – primo ou prima?
desejo de primo e prima ou se exprime ou nem rima.
família no susto reprime desejo de primo e prima:
no éter, ser-partícula gesticula: não me reprima!

2
por isso tanto me contraio? me traio
nem preciso quem me reprima então respiro na rima 
no poético me exprimo: 
sou descendente de prima que com primo fica: 
e eu como fico?

3
minha alma tem um dom tem um tom 
com que me afino no silêncio – e me acalma 
Silêncio rima com Divino? rejeição familiar? medo? segredo? desatino? 
mãe-menina e pai-menino. mãe me nina? me rejeita? 
pai que brinca, tão menino? 
no Ser sem tempo ou espaço neste momento me faço 
atenção plena e medito:
este insight metafísico me lembra – nem primo ou prima
sou o Terceiro Incluído, no momento me refaço.


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1
dezirojn kiu forigas ĉu kuzo kuzino?
deziro de gekuzoj sin eksprimu – aŭ ne rimu.
deziro de gekuzoj – familio gape ĝin forigu!
etere gestas esto-partiklo: ne min punu!

2
ĉu tial tioma streĉo kaj perfido?
malnecesas kiu min punu: mia rimo mia spir’ 
poezias mia esto: 
idas mi el kuzokuŝanta kuzin': 
kaj mi mem kia restas?

3
per tono kaj naturdoto kvietiĝas mia anim’ 
agordas min – min moderigas 
Silento rimas kun Dia: malakcepto familia? tim’? sekret’? frenezaĵ’? 
gepatroj – panjo nur knabin’, paĉjo ankoraŭ knab’
ĉu panjo lulas min? min forpelas? knabece ludas paĉjo? 
Este sentemp-space jen nun mi  
atentoplene meditas:
metafizika ekvido min memoras: ne plu kuzo, kuzin’,
sed Tria Inkluzivita: amiko, rigardu min.