domingo, 29 de março de 2020

TUTECO/ TOTALIDADE

FreeToEdit universo tumblr desenho...


TUTECO
espero:
pero inter malespero
ero mia
kaj unueco:
kuniganta eco poezia

*************

TOTALIDADE
esperança:
elo entre desespero
pó e unidade:
qualidade poética
de não ser só

quarta-feira, 25 de março de 2020

COLEÇÃO/ ARO

Resultado de imagem para mitologia

1. [da hora]
trans mito
vontade de ir 
além do mito
porém
fico a cis mar
aquém do mar

2. [a favor da vida]
por crime de lesa pátria
por crime contra a vida
no pronunciamento
#emcadeianacional
ponha-se o delinquente
#emcadeianacional

3. [antivírus]
onde já se viu?!
ele: falo o que dá na telha!
nós: desobediência civil!

4. [o discurso]
decorou?
não! quebrei o decoro
do cargo!

5. [analfabetismo funcional]
nem lendo no monitor
diz coisa com coisa
- que coisa, coiso!

6. [em compensação]
muita calma:
cérebro não tem
nem alma!

7. [hashtag]
#foragenocida
#comofalamerda
#quevergonhaalheia
#forabolsonaro
#bozonacadeia

8. [múltipla escolha]
a) pede pra sair
b) impedimento já
c) isolamento compulsório
d) interdição de incapaz
e) porta da rua serventia da casa

9. [escolha múltipla]
a) genocida
b) desalmado
c) sociopata
d) sem noção
e) sem moral

10. [chute na bunda]
seja decente
declare vago
o cargo 
de presidente

11. [misericórdia]
fé cega faca amolada:
proibido falar de corda
em casa de enforcado

12. [arrependimento]
em terra de cego
quem faz arminha
... errei!

13. [churrasquinho]
santo do pau oco
em casa de ferreiro
é um espeto!

14. [ventríloquo]
em nome do mau empresário
e sem cartas na manga
ele vai e solta a franga!

15. [incendiário]
na contramão do amor
bolsonero
põe fogo em roma

16. [chama o exorcista]
gripezinha
essa pandemia:
quero pandemônio!

17. [dezessete não]
não me jogue pedras
nem jogue confete:
nem mesmo álcool gel
se votou no 17

ps.: saúde mental: solve et coagula sombra, complexos, arquétipos que nos tomam

********** 

1. [de la horo]
trans mito: 
volo iri trans la mito¹
tamen skisme 
restas mi cis mar'

2. [favore vivon]
pro krim’ lez-patruja
pro krim’ kontraŭ vivo
#dum televidĉena parolado²
#metu ĉene l’ deliktinton¹

3. [antiviruso]
kiel eblas tio?!
li: parolas mi ajnmaniere!
ni: do civila malobeo!

4. [la diskurso²]
ĉu jam memorigite?
ne! la posten'-decon
mi frakasis!

5. [funkcia analfabetismo]
spite la surekrana legadon:
nur sensencaĵoj 
- kia stultaĵo!

6. [kompense]
multan flegmon:
cerbon li ne havas
nek animon!

7. [haŝtago]
#genocidofor
#kiomdamerdo
#aliulahont’
#bolsonarofor
#enkatenigulin

8. [plura elekto]
a) petu eliri
b) malpermeson tuj
c) deviga izolo
d) malkapabla malpermeso
e) elirpordo jen doma utileco

9. [elekto plura]
a) genocido
b) senanimulo
c) sociopatulo
d) sennociulo
e) senmoralulo

10. [surpuga ŝoto]
estu deca:
deklaru vakanta
la prezidentecon

11. [mizerikordo]
blinda fido tranĉilo akra:
mencii ŝnuron malpermesatas 
en domo de pendigito

12. [pento]
en land’ de blindul’
kiu armileton faras
... ho mi fuŝis!

13. [eta ĉurasko]
malplenstanga sanktulo
en domo de feristo
jen pik-rostilo!

14. [ventroparolanto]
nome de fientreprenistaro
sed sen kaŝitaj kartoj
la kokideton li liveras!

15. [fajreg'-ulo]
kontraŭdirekte de amo
'bolsonero'³
fajrigas romon

16. [voku ekzorciston]
"nur eta malvarmum'
tiu pandemio":
venu pandemonio!

17. [dek sep ne]
sur min ne ŝtonĵetu
nek konfet-ĵetu:
ne eĉ l' alkool’ lavos viajn manojn
se por 17³ voĉdonis vi

ps.: sanigilo por
 ombro, komplekso, arketipo onin kaptanta solve et coagula 

Notoj por ne portugallingvanoj:
¹ Mito, bozo, bolsonero - kromnonoj de brazila Prezidento
² Fuŝa prezidenta televidĉena elparolado 
³ 17 - lia tiama numero dum la balotado de 2018 


domingo, 22 de março de 2020

RECOMEÇO / REKOMENCO

Resultado de imagem para reset


COÇUPÉ

      [Terras do Hemisfério Sul, equinócio de Março de 2020]

De tanto coçar o saco a imaginação criativa deu as caras. Esse o diálogo interno.
      - Coçupé onde é? O que é Coçupé?
- Coçupé é onde estava seu foco, seu coração. Coçupé é tudo o que você foi até aqui, por contrato, por escolha arcana, arquetípica, arcaica. Coçupé não mais. Flui finíssima e branca a areia no tempo da ampulheta.
- Ouço o que me dizes, mas tão te compreendo, ser da noite! Transcrevo o que me falas, mas não te vejo, ser da noite! Sinto que meu tempo finda, ser da noite! Acabou! Meu tempo acabou!
- Vira a ampulheta de imediato! Veja como tudo flui. Tudo flui e o que chamas de “teu” tempo não existe. “Sua” vida não existe. Só a vida existe. Coçupé! Coçupé! Só na aparência o tempo esvai. Coçupé!
- Ganho esperança com esse novo contrato. Mas, ainda vejo o tempo, a pouca areia a se esvair fina e lenta para baixo na ampulheta.
- Agora sou eu que não te entendo, ó ser de Coçupé!
- Se algo você não entende, por que então não pergunta?
- Por que a areia finita insiste em fluir, se esvair e se esgotar? Vejo a areia se acabar, o tempo a se escoar.
- Vira de novo a ampulheta, que ela não é mais que metáfora. A finitude da areia existe mesmo?
- Quem de nós faz perguntas nesse jogo?
- Nasceste pra perguntar! A vida flui com você? A vida flui sem você? Ajusta a tua antena! É pra isso a quarentena. Se pensas que ela é forçada, é só por não se lembrar...
- Do que devo me lembrar?
- De que só verás a lambança quando a lembrança voltar. Agora a areia acabou, agora o tempo acabou e você nem se lembrou de reclamar do suposto fim do tempo. Se ainda precisa de tempo, volta a ampulheta virar!
- Mas, Mestre, se eu mesmo escolho a ampulheta virar, sou eu quem faço do tempo essa prisão esquisita...
- Você está quase lá! Vire a ampulheta e se ponha a observar. Mais do que aquilo que vê, veja aquilo que sente, sinta aquilo que vê e me responda: enfim, o que é Coçupé?
Sentindo através de uma lágrima, vendo-se na gota d’água, viu com nítida clareza o porquê da ignorância. Por que tanta solidão?
- Entre mais na solidão. Quem em você está só? Quem se sente multidão?
Viu que a areia-tempo se acabava... se acabou!
- Quer virar a ampulheta e o ciclo recomeçar? Enfim, o que é Coçupé?
- Muito sono enfim me vence. Vejo que o adormecer não existe pra si mesmo. Só existe o Si mesmo. Só existe o despertar.
- Já sabe onde é Coçupé? Já sabe o que é Coçupé?
- Como a ampulheta é símbolo – metáfora do despertar...
- Agora podes dormir. E sonhar coletivo. Coletivo é o despertar!

****************

PIEDOJUKO

      [Landoj de Suda Hemisfero, ekvinocio de Marto 2020]

      Post tioma nenifarado, la kreiva imagado ekaperis. Jen la interna dialogo.
- Kosupe’ kie estas? Kio estas Kosupe’?
- Kosupe’ estas kie estis via fokuso, via koro. Kosupe’ estas ĉio, kio vi estis ĝis nun pro kontrakto, pro arkana, arketipa, arkaika ekekto. Kosupe’ ne plu. Fluas ege minca kaj blanka la sablo dum sablohorloĝa tempo.
- Aŭdas mi kion vi min diras, sed ne komprenas vin, nokta estulo! Transkribas mi kion vi min diras, sed vin mi ne vidas, nokta estulo! Sentas mi, ke mia tempo finiĝas, nokta estulo! Finite! Mia tempo finiĝis!
- Turnu tuj la sablohorloĝon! Vidu kiel ĉio fluas. Ĉio fluas kaj tio, kiun vi nomas “via” tempo ne ekzistas. “Via” vivo ne ekzistas. Nur vivo ekzistas. Kosupe’! Kosupe’! Nur ŝajne tempo skuas. Kosupe’!
- Gajnas mi esperon pro tiu nova kontrakto. Sed, ankoraŭ mi vidas tempon, malmultan skuantan sablon mincan kaj lantan malsupren en la sablohorloĝon.
- Nun estas mi, kiu ne komprenas vin, ho estulo de Kosupe’!
- Se ion vi ne komprenas, kial do vi ne demandu?
- Kial la minca sablo insistas flui, skui kaj elĉerpiĝi? Vidas mi la sablon finiĝi, tempon elĉerpiĝi.
- Turnu refoje la sablohorloĝon, ĉar ĝi ne estas plu ol metaforo. Ĉu la sablofino ja ekzistas?
- Kiu el ni rajtas demandi dum tiu ludo?
- Vi naskiĝis por demandi! Ĉu vivo fluas kun vi? Ĉu vivo fluas sen vi? Agordu vian antenon! Jen pro tio la kvarenteno! Se vi pensas, ke ĝi estu devigata, tio estas nur pro via malmemoro...
- Pri kio mi devas memori?
- Pri tio, ke vi nur vidos la fuŝon kiam revenos la memoro. Nun la sablo finiĝis, nun tempo finiĝis, sed vi eĉ ne memoris plendi pro la supozebla tempofino. Se ankoraŭ vi bezonas tempon, refoje turnu la sablohorloĝon!
- Sed, Majstro, se mi mem elektos la sablohorloĝon turni, do estas mi, kiu igas el tempo tiun strangan prizonon...
- Vi preskaŭ la celon atingis! Turnu la sablohorloĝon kaj observu. Pli ol tio, kion vi vidas, vidu tion, kion vi sentas, sentu tion, kion vi vidu kaj respondu min: do, kio estas Kosupe’?
Perceptante sin tra larmo, vidante sin en akvoguto, li vidis klare la kialon de la ignoro. Kial tioma soleco?
- Eniru plu en tiun solecon. Kiu en vi sentas sin sola? Kiu sin sentas homamaso?
Vidis li, ke la tempo-sablo elĉerpiĝis... finiĝite!
- Ĉu vi volas turni la sablohorloĝon kaj novan ciklon inaŭguri? Do, kio estas Kosupe’?
- Multa dormo fine min venkas. Vidas mi, ke la endormigo ne ekzistas por si mem. Nur ekzistas Si mem. Nur ekzistas la vekiĝo.
- Ĉu vi jam scias, kie estas Kosupe’? Ĉu jam vi scias, kio estas Kosupe’?
- Ĉar la sablohorloĝo estas simbolo – metaforo por vekiĝo...
- Nun vi povas dormi. Kaj kolektive sonĝi, revi. Kolektiva estas la vekiĝo!

domingo, 15 de março de 2020

DESAPARECIDO/ MALAPERINTA

Resultado de imagem para herança genetica

  1. UM) DESAPARECIDO
    versos sem pé nem cabeça
    versos de pé quebrado
    até que essa dor me esqueça
    sigo cortando um dobrado

    sigo cortando um dobrado
    até que o dia amanheça
    sigo inquieto e acordado
    cavo a pele: “eu apareça!”

    meu sono entrou num buraco
    minha vida foi atrás
    reagir como? Sou fraco!

    coço e cavo e coço mais
    a pele, e eu só farrapo:
    aonde foi minha paz?                                            ********************                                   
    UNU) MALAPERINTA
    senkapaj senpiedaj versoj
    ho versoj frakaspiedaj
    ĝis ĉi dolor’ min forgesu
    daŭros ja malfacilaĵoj

    daŭros ja malfacilaĵoj
    ĝis fine venu tagiĝ’
    malkviete sendorme
    haŭtfosanta: “kie mi?”

    entruiĝis mia dormo
    mia vivo sekvis ĝin
    malfirma reagi kiel!

    plu fosu plu jukas mi
    plu ĉifona jenas mi:
    kaj mia paco kie kien?

    ************
    DOIS) TRINCHEIRA
    que sentido essa coceira?
    e essa dor – que sentido?
    nos pés do pai, a frieira
    nos da mãe, couro curtido

    pés da mãe – couro curtido
    nos meus pés essa sujeira
    o menino ressentido
    do estrume quer a roseira

    cavo versos sem sentido
    sendo flor que não se cheira
    este poema indormido

    na guerra cava trincheira:
    tem um menino ferido
    num canto dessa lixeira!                                     *************************** 

    DU) TRANĈEO
    kiun sencon por ĉi juko?
    por ĉi dolor’ kiun sencon?
    paĉjaj piedoj tro jukaj
    de panjo, tanita ledo

    de panjo, tanita ledo
    sur la miaj ĉi rubuj’
    al l’ ĉagreniĝinta knab’
    la sterk’ iĝu rozuj’  

    sensencajn versojn mi fosu
    estas neflarinda flor’
    ĉi tiu poemo sendorma

    milite tranĉeon fosu:
    restas knabo vundita
    ĉi rubujen forlasita!                                                          **************

    TRÊS) HERANÇA
    que herança deixo aos filhos?
    e aos netos, que herança?
    antes que saia dos trilhos
    o trem dessa dor me alcança

    quero cor não quero brilho
    quero de volta a criança
    que se escondeu no exílio
    que perdeu a confiança

    cresci: do que me defendo?
    por que a vida me assusta?
    por que o esforço tremendo?

    só eu sei o quanto custa
    no lombo o couro comendo:
    essa surra não foi justa!

    *********************

TRI) HEREDO
     al filoj kiun heredon?
     al genepoj kiun kiun?
     antaŭ elreliĝi la trajn’
     ĉi trajna dolor’ punas min

     kolor’ deziratas ne bril’
     kaŝita infan’ en ekzil’
     (fido iam perdiĝinta)
     revene tuj volas mi ĝin

     kreskinte, kial defendas mi?
     kial vivo min timigas?
     tioma koplodo kial?

     nur mi scias kiom kostas
     tiu senfeligo surlumbe:
     ĉi tiu batado ĉu justas?!