PaPos Nascentes - poéticos, psicoterapia, mentoria

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domingo, junho 09, 2024

SOBREVIDA / POSTVIVO

 

SOBREVIDA

Paulo Nascentes
Poesia dispensa apresentação. 
Por ser poesia, representação.  
Ou representa ação. 
Fingimento. Ficção. 
Espécie gozada, 
gozador, o poema goza 
o tempo todo 
com a cara de quem 
não goza a vida, o amor. 
Mesmo a dor, às vezes 
tão gozada!

Poema se mente 
ou não mente é ente, 
antes sêmen 
que somente seminário 
do mesmo e do vário. 
Semeia no ovário 
do nada. 
Do calvário ao desvario 
varia a fala 
da louca poesia. 
O poema, louco, 
aceita e nega: de médico 
poeta e louco 
quem de nós 
não tem um pouco? 
Só louco!

Livro de poemas, 
outra história. 
Desce a deusa do olimpo 
e suja as mãos de diva 
no divisível, numerário, 
despesa, fragmentário 
da dívida e da dúvida. 
Publica? Não publica? 
Faz-se tímida 
ou pública e notória? 
Nas manhas do negócio, 
tantas vezes tão simplória, 
sorriso amarelo, 
vestidinho de chita. 
Quando não lacinho 
nas trancinhas 
sob o chapéu de palha.

Mas um dia, mais livre, o livro. 
E aí um deus-me-livre! 
Cada palavrão 
falando grego: prefácio, 
ficha catalográfica, 
prolegômenos, posfácio, 
fac-símile. Isso 
gasta o latim! 
Enfim, pra concluir, 
por onde ir na temática 
o poeta, que em matemática 
nunca foi bom? Achou então 
que a boa temática 
seria dar voz 
à própria poesia
 para falar de si mesma. 
E veio a ideia: meta-poesia. 
Mas isso é música antiga. 
Pois então, música arcana.

Nasce assim o objetivo. Este fim, esta meta. META: POESIA EM MUSICARCANA.


POSTVIVO

Paulo Nascentes

Poezio sendevigas 
sinprezenton. 
Ĉar estas ĝi poezio, 
reprezento.  
Aŭ reprezentas ion. 
Ŝajnigo. Fikcio. 
Kurioza specio, 
mokanta, poemo ĝuas 
dum la tuta tempo 
pri kiuj ne ĝuas 
vivon, amon. 
Eĉ doloro foje 
tiom kuriozas!

Poemo se mensogas 
aŭ ne mensogas 
estas estaĵo, 
unue semo anstataŭ 
nur seminario 
pri samo kaj vario. 
Semas ĝi en la ovario 
de l’ nenio. 
De kalvario al frenezeco 
varias la parolo 
de freneza poezio. 
Poemo, freneza, 
konsentas kaj neas:
kuracisto poeto 
kaj freneza, kiu ne havas 
almenaŭ iom? 
Nur frenezuloj!

Libro de poemoj, 
alia afero. 
Malsuprenvenas diino 
el olimpo, 
diinajn manojn malpurigas 
en divideblo, mono, elspezo, 
en la fragmentigo 
de ŝuldoj kaj duboj. 
Ĉu publikigas ilin? Ĉu nenion? 
Iĝas ĉu timida 
ĉu publika kaj fama? 
Pri l' negocaj ruzo 
plurfoje tiom naiva, 
flava rideto, 
robeto de katuno. 
Aŭ kokardeto 
sur plektaĵetoj 
sub pajla ĉapelo.

Tamen iutage, pli libera, 
la libro. 
Kaj do jen: dio mia! 
Ĉia fivorto grekparolanta: 
antaŭparolo, kataloga slipo, prolegomenoj, 
postparolo, fac-simile
Jen elĉerpiĝas 
la latina! Konklude, 
kien iru rilate la temon 
la poeto, 
kiu pri matematiko 
neniam sufiĉe bonis? 
Pensis do ke bona temo 
estus paroligi 
la poezion mem 
por diri pri si mem. 
Do venis ideo: meta-poezio. 
Sed tio estas antikva muziko. 
Do, arkana muziko.
Naskiĝas la celo: META-POEZIO 
PER ARKAN-MUZIKO.

3 comentários:

Anônimo disse...

Ampleksa , multsignifa, ech enigma estas Poezio. Kaj tamen tre lumiga!(PSViana)

Paulo P Nascentes disse...

<3

Nazaré Laroca disse...

Via poemo estas ĉefverko, kara poeto! Admirinda talento por teksi versojn kaj la magion inter la linioj.