Paulo Nascentes[i]
Qualquer
língua, na medida em que dá aos seus falantes a possibilidade de comunicarem
entre si, impedindo-os de comunicarem com os outros, é simultaneamente uma libertação
e uma prisão. O Esperanto, concebido como meio de comunicação universal, é um
dos grandes projetos de emancipação do ser humano que passaram à prática.
Trata-se de um projeto que permite a qualquer pessoa participar como indivíduo
na comunidade humana, mantendo-se arraigado à sua identidade cultural e
linguística, sem, no entanto, nada coercitivo por essa mesma identidade.
Entendemos
que as línguas nacionais, quando utilizadas em regime de exclusividade, acabam
por levantar obstáculos à liberdade de expressão e de comunicação, bem como à
liberdade associativa. Somos um movimento em prol da emancipação do ser humano.
Emancipação humana. In:
Carcharodon
carcharias,
ou tubarão, Balaenoptera physalus,
baleia, Delphinus delphis, golfinho, Aquila chrysaetos, águia, recentemente Homo sapiens compartilham a espaçonave
Mãe Terra. Viajamos todos às Infinitas Possibilidade de Ascensão no universo
multidimensional da Consciência Una. Nem sempre em paz. Alguma linguagem e a
consequente capacidade de comunicação tem sido usada. Mas, só o Sapiens usa a assim chamada dupla articulação[1],
produz inúmeras línguas, dialetos, falares. Ao migrar pelo Planeta constitui a
exceção. Indivíduos das demais espécies conservam intocável a capacidade de
comunicação e com rudimentos de linguagem logo se adaptam às novidades do meio.
Ao contrário, o Sapiens poderá passar
sérios apertos ao migrar em terras estrangeiras sem falar a língua local, mesmo
falando a língua do império. Na falta de uma comunicação eficaz, como fluir na
socialização frente aos desafios?
Preservada, capacidade de comunicação implica emancipação, autonomia,
independência, liberdade de gerir a própria existência. Emancipação humana facilitando
a felicidade – eis nosso tema. O Manifesto
de Prago[2]
enumera as exigências de um meio de comunicação facilitador de viagens,
convivência com os da mesma espécie sem qualquer barreira ao entendimento, à
colaboração, conforme acontece com os demais mamíferos, os peixes, aves,
insetos.
Qual a saída para o impasse, ante a impossibilidade prática de
falar fluentemente tantas línguas durante a existência? Até aqui,
desalentadoras nossas escolhas, frustrantes os modernos aparelhos portáteis. De
modo algum superam a riqueza viva do bate papo, olho no olho, as afetivas e
efetivas trocas em todos os níveis. Usar língua nacional em contexto
internacional implica matar a democracia, a diversidade de línguas e mais: a igualdade
de direitos, de direitos linguísticos de cada pessoa, como propõem os acordos
multilaterais.
Ainda me comove um significativo episódio vivido em 2002, em
Fortaleza, durante meu primeiro congresso internacional inteiramente livre dos
malditos fones de ouvido. Notei então o drama de uma simpática e frágil senhora
japonesa, 94 anos, perdida por desconhecer a cidade e a língua local. Hospedados
no mesmo hotel, a pasta no meu ombro e seus dizeres denunciavam nosso possível
destino comum. Arriscou: “Pardonu min,
kiu estas la buso por la kongresejo?” Disse-lhe que também ia ao congresso
mundial de Esperanto. No ônibus ela revelou que queria fazer surpresa à neta
residente em São Paulo com uma saudação em português. Logo telefonaria à neta. A
pedido, usei o alfabeto de Esperanto na transcrição fonética da frase: “Mi volas paroli al vi”. Com esse genial
recurso, conseguiu ler com irretocável pronúncia: [ke’ru falaĥ’ kun vose’]. Qualquer outro falante de Esperanto teria
sucesso igual. Boquiaberto vim a descobrir importante papel e função da Lingvo Internacia, ao ver seu rosto
radiante de alegria. Contou-me a emoção da neta ao ouvi-la em português. Nas
pausas para o café, o mesmo risonho aceno de mão! Vivia totalmente só numa
aldeia japonesa, plantava sua horta e faz tempo que viajava todo ano pelo mundo
para participar de um congresso mundial. Ela só sabia o Esperanto além do
japonês. Que raro exemplo de autonomia, liberdade, cidadania mundial!
Fragilidade coisa nenhuma!
Emancipação humana se dá nos diversos níveis de experiência
entre parceiros que também acalentam no coração esse desejo, nós todos enfim. Cedo
crianças se tornam prisioneiras de mandatos parentais e sociais da família e da
cultura, etnia, poderosas crenças tribais, dogmas colhidos em livros sagrados,
preleções, escolas, igrejas, saberes com a bênção da ciência ou misturados em
sonhos, o assombro ante o inexplicável, quanta impregnação por sacudir da pele,
dos pelos! Já é tempo de completa
emancipação pela força do espírito livre, incondicionado. Essa emancipação
romperá velhos selos, desvelará a pureza da missão de vida, até então
insuspeita. Já é tempo da inelutável
certeza de que somos uma totalidade espiritual vivendo uma experiência
corporificada. Vivemos simultaneamente em várias dimensões. Já é tempo da comunhão com a magia do cristal líquido[3],
presente nos livros, portais e sussurros embalados pelo exótico comportamento
de partículas subatômicas, como sugere a Física Quântica. Mas, o que dizer
sobre o instrumento internacional de comunicação, que na certa precederá a vindoura era da telepatia?
Pesquisas na Internet mostram um silencioso e inesperado
crescimento do número de pessoas que já falam ou que querem aprender o Esperanto.
Querem em suas experiências com amigos e amigas de outras culturas deixar de
lado o auxílio de intérpretes. Nunca mais visitas guiadas ao Exterior, roteiros
previamente planejados, escuras janelas de ônibus frios, climatizados,
confortáveis. Não mais traduções simultâneas ou sequenciais. Delegados de
diversos países em reuniões multilaterais enfim jogarão fora fones de ouvido, gafes
linguísticas e desnecessários constrangimentos, só engraçadas e risíveis depois
de desfeitos os embaraços mal disfarçados. Novas gerações de falantes de
Esperanto desde já se divertem muito em lares estrangeiros, onde praticam
Esperanto e a língua local, enquanto curtem a cultura de chineses, peruanos,
cazaques, espanhóis, eslovenos, italianos, franceses, nigerianos, japoneses,
escandinavos. Livre de barreiras pela diversidade de línguas e dialetos, o
mundo fica ainda mais acolhedor e atraente. Quem vive a cultura transnacional
que vai sendo criada e ampliada na própria fruição não quer outra forma de
vida. Nesse contexto, a emancipação humana por meio de um instrumento internacional
neutro de comunicação capaz de ligar cada coração e mente a todos os demais
logo acende o riso fraterno dos contatos face a face, alarga a intercompreensão
solidária, redimensiona o amor a níveis antes inimagináveis.
Por que não menciono os refugiados? Simples. A emancipação de
cada pessoa pelo poder do Espírito e do Amor faz da separatividade mera ilusão. Refugiados têm abrigo na Unidade, que
de fato somos.
É o milagre da emancipação humana, inteireza rumo à felicidade comum.
Nós merecemos!
Paulo Nascentes[i]
Ĉiu lingvo liberigas kaj
malliberigas siajn anojn, donante al ili la povon komuniki inter si, barante la
komunikadon kun aliaj. Planita kiel universala komunikilo, Esperanto estas unu
el la grandaj funkciantaj projektoj de la homa emancipiĝo - projekto por ebligi
al ĉiu homo partopreni kiel individuo en la homa komunumo, kun firmaj radikoj
ĉe sia loka kultura kaj lingva identeco, sed ne limigite de ili.
Ni asertas, ke la
ekskluziva uzado de naciaj lingvoj neeviteble starigas barojn al la liberecoj
de sinesprimado, komunikado kaj asociiĝo. Ni estas movado por la homa
emancipiĝo.
Homa emancipiĝo. In:
Carcharodon carcharias, aŭ ŝarko, Balaenoptera physalus, baleno, Delphinus delphis, delfeno, Aquila chrysaetos, aglo, kaj ĵuse Homo sapiens, inter aliaj, kunprofitas
la spaco-ŝipon, nome Panjo Tero. Ĉiuj vojaĝas al Senfino de Eblecoj de Ascendo
en la pluridimensia universo de Konscienco de Unuo. Ne ĉiam pace. Ajna lingvaĵo
kaj sinsekva komunikkapablo uzadas. Tamen, nur Homo sapiens uzas la tielnomatan duoblan artikulacion[1], produktas
sennombron da lingvoj, dialektoj kaj lokaj elparoloj. Kiam migras tra la
Planedo, ili estas escepto. La individuoj de la ceteraj specioj tenas netuŝebla
la komunikkapablon kaj, pere de la kunlaboro per elementa lingvaĵo, tuj adaptiĝas
al novaĵoj de la medio. Male, Sapiens
povos travivi mistrafojn dum migrado en fremdan landon sen paroli la lokan
lingvon, eĉ se parolanta la imperian lingvon. Manke de efika komuniko, kiel sociiĝi
por respondi al la defioj?
Gardita, la komunikkapablo
implicas emancipadon, alivorte, memstaron, sendependecon, mem-regadon, liberecon
gvidi la propran ekzistadon. Homa emancipiĝo faciliganta feliĉon estu do nia
temo. Manifesto de Prago[2] envicigas la
antaŭpostulojn por komunikilo nin faciliganta vojaĝojn kaj kunvivadon kun niaj
samspecanoj. Tio okazos sen ajna komprena baro, per kunlaboro, kiel okazas al
la ceteraj mamuloj, al fiŝoj, birdoj, insektoj.
Ĉu ekzistas iu
elturniĝo por tiu nia senelira situacio, konsiderante la praktikan maleblon
flue paroli tiom da lingvoj dum la ekzistado? Ĝis nun malesperigaj estadas niaj
elektebloj. Frustraj estas la esperoj proponataj de modernaj porteblaj
aparatoj. Neniel ili superas la vivantan riĉecon de babilado, vid-al-vide,
starigante afekciajn kaj efikajn interŝanĝojn ĉiujnivele. Uzi nacian lingvon en
internacia kunteksto implicas ja formortigi demokration, lingvan diversecon kaj
precipe la egalrajtecon, la lingvajn rajtojn de ĉiu persono, laŭ proponite
kadre de plurflankaj interkonsentoj.
Ankoraŭ min kortuŝas
signifoplenan epizodon travivitan en 2002, en Fortalezo, dum la partopreno en
mia unua internacia kongreso de Esperanto, evento tute libera je la uzo de aĉaj
aŭskultiloj. Akompanis mi tiam la dramon de ĉarma kaj fragila japana sinjorino,
94-jaraĝa, perdita pro malkono de la urbo kaj de la loka lingvo. Ni gastiĝis en
la sama hotelo. La dokumentujo pendigita sur mia ŝultro denuncis nian eblan
komunan destinon. Ŝi riskis: Pardonu min,
kiu estas la buso por la kongresejo? Responde mi informis, ke ankaŭ mi iris
al la universala kongreso de Esperanto. En la buso ŝi diris, ke ŝi volis
surprizigi sian nepinon loĝantan en San-Paŭlo per salutvortoj en la portugala.
Tuj poste ŝi alvokus telefone la nepinon. Uzante laŭpete la alfabeton de
Esperanto kiel fonetikan transskribilon, mi portugaligis la frazon: Mi volas paroli al vi. Jen per tiu genia
rimedo, ŝi sukcesis diri ĝin per neriproĉebla prononco: [ke’ru falaĥ’ kun vose’]. Ajna alia Esperanto-parolanto same bone
tion sukcesus fari. Mi gape ekmalkovris gravan rolon kaj funkcion de la Lingvo
Internacia, vidante la lumigitan vangon pro la ĝojo, kiam ŝi raportis al mi pri
la kormovo de la nepino, kiam ŝi aŭskultis la mesaĝon portugale. Dum kafopaŭzoj,
la sama ridetoplena mansvingo! Ŝi vivis tute sola en japana vilaĝeto, plantis
legomejon kaj delonge vojaĝadis ĉiujare tra la mondo por partopreni la universalan
kongreson. Ŝi nur scipovis Esperanton krom la japanan. Kia rara ekzemplo de
aŭtonomeco, libereco, monda civitaneco! Nenia fragileco do!
Homa emancipiĝo
okazas laŭ la diversaj niveloj de la persona travivaĵo inter partneroj ankaŭ
dorlotantaj kore tiun deziron, ni ĉiuj finfine. Frue infanoj estas enkatenitaj
de parencaj kaj sociaj ordonoj de la familio kaj kulturo, etno, povaj tribaj
kredoj, dogmoj rikoltitaj el sanktaj libroj, prelegoj, lernejoj, skoloj,
eklezioj, scioj havantaj la benon de scienco aŭ tiaj, kiuj enmiksiĝas en sonĝoj
kaj evidentoj de gapoj antaŭ tiom da aferoj neklarigeblaj, ho kiom da
penetrigoj skuotaj el haŭto kaj pelto! Jam
temp’ está de kompleta emancipiĝo per la forto mem de spirito libera, senkondiciita.
Tiu emancipiĝo frakasos malnovajn sigelojn, malvualigante la purecon de la
vivmisio ĝis nun malsuspektata. Jam temp’
está de la nedisputebla certeco ke ni estas spirituala tutaĵo vivanta
korpigitan sperton. Ni vivas samtempe en pluraj dimensioj. Jam temp’ está de la komunio kun la magio de la likva kristalo[3], kiu enestas librojn,
portalojn kaj susurojn lulitajn de la ekzotika konduto de subatomaj partikloj, laŭ
sugestite de la Kvantuma Fiziko. Sed, tamen kion diri pri la internacia
komunikilo, kiu certe antaŭvenos la estontan
eraon de telepatio?
Perretaj esploroj
montras silentan kaj neatenditan kreskon de la nombro de homoj jam parolantaj
aŭ kiuj volas lerni Esperanton. Tiuj volas ke siaj spertoj kun gefratoj de
aliaj kulturoj preterlasu la peradon de interpretistoj. Neniel plu gvidataj
vizitoj al Eksterlando, antaŭplanitaj itineroj, malhelaj fenestroj en klimatizitaj
komfortaj aŭtobusoj. Ne plu samtempaj aŭ sinsekvaj tradukoj. Diverslandaj
delegitoj dum multflankaj kunsidoj finfine forĵetos aŭskultilojn, lingvajn
misinterpretojn kaj nenecesajn ĝenojn, kiuj nur estas gajaj kaj ridindaj post
la forpelo de la apenaŭ kaŝeblaj embarasoj. Novaj generacioj de
Esperanto-parolantoj, siavice, multe amuziĝas en la vizitataj fremdaj hejmoj,
kie ili praktikas Esperanton kaj la lokan lingvon, dum profite frandas la
kulturon de ĉinoj, peruanoj, cazaĥoj, hispanoj, slovenoj, italoj, francoj,
niĝerianoj, japanoj, skandinavoj. Sen la baro de la diverseco de lingvoj kaj
dialektoj, tiu mondo iĝas ankoraŭ pli altira kaj alloga. Kiuj vivas la
transnacian kulturon, kiu kreiĝas kaj ampleksiĝas laŭpaŝe de ĝia fruado ne
volas alian vivmanieron. En tiu kunteksto, la homa emancipiĝo per neŭtrala
internacia komunikilo, kapabla ligi ĉiun koron kaj menson al ĉiuj ceteraj tuj
starigas la fratan ridon dum vid-al-vidaj kontaktoj, pliigas la solidaran
interkomprenon, redimensias la amon al niveloj antaŭe neimageblaj.
Kial mi ne mencias
la refuĝintojn? Simple. La ĉiuhoma emancipiĝo per la povo de Spirito kaj Amo
senpovigas apartigecon, nur iluzio.
Refuĝintoj vere ŝirmiĝas ĉe la Unuo, kiu ja ni estas.
Al tiu miraklo oni povas
nomi homan emancipiĝo tra la senfrakcieco cele al ĉies komuna feliĉo. Ni tion
meritas!
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