[Pro sia enhavo mem la teksto transiras de Esperanto al la portugala, kie ĝi staras. Por seu próprio conteúdo o texto transita do Esperanto ao Português e nele fica.]
1
La ĵus kreota teksto iel jam nunas ie. Kie? Mistere ĉie kaj
nenie. Samtempe. Diversloke. Kial kreotaj tekstoj tiel instige misteras? Mi gapas!
Meio que acordo com essas palavras ditatorialmente me impondo o
despertar e o escrever. Além de reflexões mais ou menos tais. Por que, num
quem-sabe-sonho, são essas as palavras que me despertam? E mais: por que me
chegam, fluxo-de-consciência-rio, assim tão pororocas?
Calma, leitores. Traduzo ao português. Quem sabe o kreota klariga teksto, o tradukota teksto me revele seus
mistérios daquilo que, estando por ser criado, em alguma dimensão, em algum
espaçotempo, já está criado! Vai dar trabalho traduzir do sintético original ao
palavroso similar em português. Mas, vamos lá!
Ficaria algo assim: O texto que está por ser criado agorinha,
nos próximos instantes, de algum modo já agoresce
em algum lugar. Onde? Misteriosamente em toda parte e em parte alguma. Ao
mesmo tempo. Em diversos lugares. Pluridimensionalmente. Por que os textos a serem criados tão
instigantemente se fazem mistério? Boquiaberto-me!
Além de transitar da síntese, na formulação linguística no
Esperanto, ao espraiado e palavroso da possível versão à minha língua primeira,
materna, étnica, a que moldou meu
espírito desde a mais tenra idade, a brasileiramente portuguesa, além disso,
comparar as versões parece trazer luzes insuspeitas sobre processo de criação,
mecanismos mentais peculiares mais que só psicológicos, porém habilidades
psíquicas emergentes naquele que falescreve
e, mesmo, sonha em Esperanto. Me explico melhor.
2
O sonho (desses noturno-matinais cotidianos) tinha imagens
inusitadas e, por definição, instigantes. Um veículo que eu estava dirigindo,
sabe-se lá como, numa curva da estrada se separa de mim, segue um pouco
adiante, e se perde! Simplesmente some. Intrigadíssimo, fico para trás, meio
incapaz de me boquifechar, que a perplexidade não me deixava. Ao despertar (difícil
saber se não é justo enquanto durmo que estou mais... desperto), enfim, ao
despertar, ainda sem encontrar o desviado e apartado veículo, deparo com o
mistério: um texto nítido, porém ainda insabido, insistia em aparecer no céu da
percepção e - mais incrível - em Esperanto. As reflexões que se seguiram ao sonho
do veículo perdido e do texto que me abalroava (como se fosse
veículo-perdido-e-sem-motorista) compartilho-as, em Português, com o misterioso
leitor/leitora virtual com quem dialogo enquanto-o-texto-se-formula. Esse
compartilhar chama o próximo bloco (como se diria em linguagem televisiva).
3
Melhor esmiuçar a tradução. Não sei se em busca do eu-motorista,
do veículo-texto, ou do possível sentido disso tudo. Ou em busca do e/ou em vez de só do ou. Como queiram! De que meios e modos
lança mão o texto original na sua peculiaridade esperântica? Com licença, recriem comigo a palavra!
Em primeiro lugar, esse ĵus
kreota teksto (“o texto que está por ser criado agorinha, nos próximos
instantes”) deve ser uma dessas caixinhas-de-mil-compartimentos que fazem a
alegria da namorada que a recebe. As caixinhas mórficas – alguma relação com a ressonância mórfica de Sheldrake? – precisam ser pormenorizadas. Veja: krei
é verbo no infinitivo (criar). Está como adjetivo de teksto (texto), estando no particípio-com-matiz-de-futuro. Calma,
que no Português isto não existe. Mais devagar então! Esse particípio-com-matiz-de-futuro
parece representar uma idiossincrasia (ou idiotismo, no bom jargão
linguístico). Seria assim: é só no Esperanto que temos na letra-morfema -o- do kreota a ideia de tempo verbal futuro.
Mas, esse tempo verbal vem conjugado com a letra-informação -t- do particípio.
Ora, em Português particípio já vem no passado e, como no Esperanto, já nasce
virtualmente adjetivo. Deu pra acompanhar?! Traduzir esse kreota teksto já me faz verborrágico no Português: o tal kreota teksto refere-se ao ĵus vindouro texto (isto é, o que está
por ocorrer quase no justo momento em que me expresso verbalmente). Na dimensão
mental ou psíquica, ou cósmica, o kreota teksto prescinde
da kreota categoria de tempo e
espaço, tão útil na manifestação fonética, acústico-articulatória, nessa nossa
cotidiana terceira dimensão de falantes comuns (e incomuns). Este talvez-conto-crônica-ou-assemelhado a boquiabrir-nos. A promessa. Um dia, o final deste texto. Com a kreota gramatika analizo. Sacou?
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