PaPos Nascentes - poéticos, psicoterapia, mentoria

Powered By Blogger

domingo, 24 de janeiro de 2021

PAI-MÃE-VIDA: Unidade/ PATRO-PATRINO-VIVO: Unuo


 

PAI-MÃE-VIDA: Unidade 

Paulo P Nascentes

Educador, conferencista, filósofo, Huberto Rohden (1893-1981) publicou quase uma centena de livros. Em Metafísica do Cristianismo: a alma de Jesus revelada no “Pai-nosso”, o proponente da “filosofia univérsica” analisa verso a verso a famosa oração deixada pelo Mestre. Inspirado nesse conceito, meu intuito é apenas registrar as impressões no meu espírito por outra prece, publicada em Cartas de Cristo: Manifestação da Consciência Crística, Carta 8 (Edições Almendra) bem como no texto 17, Textos complementares (segundo volume). Grifei as palavras originais. 


“PAI  –  MÃE  –  VIDA,  tu  és  minha  vida,  meu  constante  apoio,  minha  saúde,  minha proteção,  o  pleno  atendimento  de  todas  as  minhas  necessidades  e  minha  mais  alta  inspiração.

Precisa e simples, a fórmula de invocação lembra, no plano pessoal, a concepção de cada um de nós, nossos pais terrenos. No plano mais amplo, mostra a Unidade Criativa Universal Pai-Mãe e seu fruto - a Vida em sua expressão maiúscula, misteriosa e funcional. O que denomino minha vida é essa Totalidade Três-em-um. Constante apoio, saúde, pleno atendimento de todas as minhas necessidades, mais alta inspiração, tudo sugere funcionalidade, ação. Meu-minha aponta uma característica do Ego humano - a possessividade. Mas, note que não são desejos, vontades, objetivos do Ego que são atendidos, mas as legítimas necessidades do vivente. Além disso, a Fonte, nossa mais alta inspiração, se revela em nós. Não sou eu (Ego) que respiro, mas Eu sou a Respiração Universal. Não por acaso inspiração tem duplo sentido.


Peço  que  me  reveles Tua  verdadeira  Realidade. 

O pedido implica o reconhecimento de que o que percebo é ilusão, aparência, fenômeno. O que a nós se explicita traz implícita outra dimensão - a verdadeira Realidade, ou seja, o Tu, que é Totalidade. A dualidade Eu-Tu, Sujeito-Objeto contamina a sintaxe. E isto é constitutivo da linguagem na Terceira Dimensão. O Convite é para o silenciamento do Ego. Só assim temos a fórmula consagrada da Unidade Eu Sou o que Sou, sem adjetivos, Absoluto, tornado visível como Consciência que se manifesta - Consciência Una.


Sei que é Tua VONTADE que eu seja plenamente iluminado/a e  que eu possa receber melhor a consciência de Tua Presença em mim e ao redor de mim. 

Ao me lembrar que sou a Consciência Pai-Mãe-Vida ocupando temporariamente este corpo, o que me permite a expressão do Ser, a frase acima ganha sentido. Dizer Sei que é Tua VONTADE… seria pretensioso, a menos que a dualidade presente na linguagem seja superada por nova concepção de quem sou, a menos que eu perceba ser célula deste Planeta, ser partícula no sistema consciente em que existo, me movo e tenho meu ser. Receber melhor a consciência de Tua presença em mim e ao redor de mim. Melhor reler a frase sem as peculiaridades da linguagem apontadas. Só no coração, cujas frequências vibratórias são mais intensas e de mais alcance que as do cérebro, poderei sentir a verdade. Os pronomes apenas jogam o jogo da ilusão. A luz menor do coração, ao se unir à Luz maior do Coração Supremo, nos torna sensíveis à Realidade da Existência, e evidencia a morada provisória do Ser que sou, sem tempo, nem espaço, nem circunstâncias. 


Creio  e  sei  que  isso  é  possível.  

Crer vem do saber inato em cada um de nós. No corpo supramental tudo é possibilidade, ilimitado em potencial. Nas ondas de possibilidades, testemunho o colapsar da forma, algumas constituem o que denomino minha vida, com sua absoluta peculiaridade, com as circunstâncias atraídas por mim, oriundas do desejo contaminado pelas distorções do ego, na ânsia de permanência. E me esqueço de que também sou transcendência, dimensão legítima que aprendo a manifestar.


Creio  que  Tu  me  proteges  e me  guardas  no  perfeito  AMOR.

  A proteção da vida é inerente à unidade Pai-Mãe-Vida, um de seus atributos, assim como a nutrição e a saúde. Na Natureza os animais selvagens, se não houver interferência humana, terão sempre em abundância aquilo que constitui sua cadeia alimentar. Terão proteção em furnas e cavernas, a salvo dos demais predadores. Terão repouso e abrigo, guardados no seio do Amor, que é a Lei da Vida. Desmatar e invadir o habitat deles desequilibra não só aquele bioma, mas os demais, que tudo é interconectado em Gaia.


Sei  que  meu  propósito  final  é  TE  EXPRESSAR. 

  A falácia da percepção moderna logo se revela. O meu propósito (curioso esse verbo da esfera semântica do possuir) é mesmo meu? Uma impossibilidade! Qualquer célula que insista em manifestar sua vontade contra aquilo que R. Sheldrake chama campo morfogenético recebe de imediato a visita dos linfócitos, encarregados de limpar tudo o que seja não-eu. O combate à célula tumoral enlouquecida na ânsia de se multiplicar indefinidamente restaura a harmonia, o equilíbrio e a vida. Ora, o propósito final é TE EXPRESSAR porque sou uma centelha do Teu Ser - o ser que sou.


Quando  falo  contigo,  sei  que  Tu  estás  perfeitamente  receptivo  para  mim,  pois  Tu  és  a INTELIGÊNCIA  AMOROSA  UNIVERSAL  que  maravilhosamente  concebeu  este  mundo  e  o tornou  visível. 

  Haveria um eu que fala contigo e sabe da receptividade a essa fala. No entanto, não poderia ser de outra forma. A metáfora, nesse caso, não se assenta na semelhança, como de costume, mas na identidade. Dá no mesmo se a frase é lida e sentida como Tu és a INTELIGÊNCIA AMOROSA UNIVERSAL ou Eu sou a INTELIGÊNCIA AMOROSA UNIVERSAL. O princípio da identidade Eu-Tu, INTELIGÊNCIA AMOROSA UNIVERSAL, engloba e abarca a aparente dicotomia, pois ela mesma concebeu este mundo e o tornou visível. Ora, tornar visível é colocar em manifestação o Imanifesto, ou seja, a Unidade mesma cujo nome é AMOR INTELIGENTE e INTELIGÊNCIA AMOROSA de Pai-Mãe a manifestar VIDA.


Sei  que  quando  Te  peço  para  falar  comigo,  eu  envio  um  raio  de  luz  de  consciência  para a  Tua  Consciência  Divina  e  que,  quando  eu  escutar,  TU  entrarás  em  minha  consciência humana  e  virás  cada  vez  mais  perto  do  meu  espírito  e  meu  coração,  mais  e  mais receptivos.  

  Mais uma vez, Unidade na diversidade, mesmo que diversidade simule emissor e receptor de uma comunicação. Existe mesmo essa suposta comunicação entre Te peço, de um lado, e falar comigo, de outro? Ora, esses supostos dois lados perfazem uma única e mesma Realidade, aquela que pedi que me fosse revelada. Assim, não é comunicação, mas comunhão. Quando eu escutar e viver em meu coração a Sabedoria do Ser que é, então minha consciência humana e o meu espírito e meu coração estarão na unidade do Espírito. Quando, enfim, esse aparente milagre se dará? Decerto quando Isto for verdadeiro para mim, na interação harmônica e amorosa com todos os meus pares: o propósito último, que não é meu nem seu, mas de todo ser vivente no seio de Pai-Mãe-Vida. 


Eu confio meu ser e minha vida aos Teus cuidados”.

  Só um jeito ornado de pronomes pessoais e possessivos para dizer o que é impessoal e livre de posses - a Vida. Minha vida e meu ser sempre estiveram aos Teus cuidados. Só a Consciência Una é o fio que tece em mim o ser, a túnica inconsútil a que se refere o Mestre. Nesse caso, fiar é fiar com - confiar. Não há o que temer se juntos eu fio e confio, se nós, enfim, tecemos em comunidade a Comum Unidade da Teia da Vida.

*********


PATRO-PATRINO-VIVO: Unuo

Paulo P Nascentes

Edukisto, konferencisto, filozofo, Huberto Rohden (1893-1981) publikigis preskaŭ centon da libroj. La proponanto de la “universika filozofio” analizas verson post verso la faman preĝon proponitan de la Majstro en Metafiziko de Kristanismo: la animo de Jesuo rivelita en “Patro-nia”. Inspirita de tiu koncepto, mia celo estas nur registri la impresojn sur mia spirito de alia preĝo, kies originaj vortoj aperas kursive. Ili estis publikigitaj en Leteroj de Kristo: Manifestacio de la Krista Konscienco, Letero 8 (Eldonejo Almendra) kaj en la teksto 17 (dua volumo), nome Komplementaj Tekstoj.  


“PATRO  –  PATRINO –  VIVO,  vi estas mia vivo,  mia  konstanta  apogo,  mia  sano,  mia protekto,  la  plena  kontentigo de ĉiuj miaj necesoj kaj mia plej alta inspiro.

Simpla kaj esprimplena, la invoka formulo en la persona plano, memorigas nian koncipadon, niajn surterajn patrojn. En la plej ampleksa plano, ĝi montras la Kreivan Universalan Unuon Patro-Patrino kaj ĝian frukton - la Vivo laŭ ĝia majuskla esprimo, mistera kaj funkcia. Mia vivo estas tiu Tri-unua Tutaĵo. La aliaj elementoj, nome konstanta apogo, sano, plena kontentigo de ĉiuj miaj necesoj, plej alta inspiro, ĉio sugestas la agantan funkciecon. La aldono de la vorto mia rilatiĝas al la homa Egoo - eco de posedo. Rimarku, ke ne temas pri deziroj, voloj, celoj de tiu Egoo kontentigotaj, sed pri legitimaj necesoj de vivantuloj. Krom tio, la Fonto, nia plej alta inspiro, Sin rivelas en ni. Ne estas mi (Egoo) kiu spiras, sed Mi estas la Universala Spiro mem. Ne hazarde inspiro havas duoblan sencon.


Petas mi, rivelu Vian  veran  Realon. 

La peto implicas la rekonon, ke kion mi perceptas estas iluzio, ŝajno, fenomeno. Tio implicas alian dimension - la vera Realo, kiu ne estas alia ol Vi, kiu estas la Tuteco. La dueco, Mi-Vi, Subjekto-Objekto kontaminas la ordinaran sintakson. Kaj tio konsistigas la lingvaĵon en la Tria Dimensio. La invito estas por silentigi la Egoon. Nur tiel ni havos la konsekritan formulon de la Unuo - Mi Estas kio Mi Estas, sen adjektivoj, Absoluto videbligita kiel Konscienco manifesta, tio estas, Unuo.


Scias mi, ke Via VOLO estas, ke mi estu plene lumigita kaj ke mi povu pli bone ricevi la konsciencon de Via Ĉeesto en mi kaj ĉirkaŭ mi. 

Kiam mi memoras ke mi estas Konscienco Patro-Patrino-Vivo provizore okupanta tiun korpon, kiu min permesas esprimi la Eston, la frazo sencas. Diri mi scias, ke Via VOLO... ŝajnas pretenda, escepte se estos alia koncepto pri kiu mi estas, se mi pereceptos, ke mi estas ĉelo de ĉi tiu Planedo, konscia ero en la sistemo, kie mi ekzistas, moviĝas kaj Estas. Pli bone konscii pri Via ĉeesto ĉe mi kaj ĉirkaŭ mi. Ni relegu la frazon sen la lingvaj apartaĵoj montritaj. Nur en la koro, kies vibraj frekvencoj estas pli intensaj kaj kun plia atingeblo, mi sentos la veron. La pronomoj nur ludas la ludon de la iluzio. La malpli granda lumo de mia koro, unuiĝinta al la plej granda Lumo de la Suprema Koro, igas nin senteblaj al la  Realo de la Ekzisto, evidentigas provizira la loĝejon de la Vera Esto, kiu mi estas, sen tempo, spaco, nek cirkonstancoj. 


Kredas mi kaj scias, ke tio eblas.  

Kredi devenas el nia kunnaskita scio. En la supramensa korpo, ĉio estas ebleco, senlima potencialo. En la ondoj de eblecoj, mi atestas la kolapson de la formo, kelkaj konstituas tion, kiun mi nomas mian vivon, kun sia absoluta apartaĵo kaj cirkonstancoj, kiun mi allogas, devenantaj de kontaminataj deziroj de egoo-distordoj, anksiantaj daŭri. Do mi forgesas, ke ankaŭ mi estas transcendo, legitima dimensio, kiun mi lernas manifesti.


Kredas mi, ke Vi min protektas kaj min gardas en la perfekta AMO.

  Vivoprotektado, propraĵo de la unuo Patro-Patrino-Vivo, estas atributo, kiaj nutrado kaj sano. En Naturo, sovaĝaj bestoj, se homoj ne intermiksiĝos, ĉiam havos abundon de tio, kiu konstituas sian manĝoĉenon, ŝirmilon en grotoj kaj kavernoj, savitaj de ceteraj predantoj. Ili ripozos sine de Amo, Leĝo de Vivo. Senarbarigo kaj invado de ilia habitat malekvilibras ne nur tiun biomon, sed ankaŭ la ceterajn, ĉar ĉio interkonektiĝas sur Geo.


Scias mi, ke mia fina celo estas VIN ESPRIMI. 

  La trompo de la moderna percepto tuj riveliĝas. Ĉu mia celo ja estas mia? (kurioza tiu verbo de la semantika sfero de posedo). Neeblaĵo! Ajna ĉelo, kiu insiste manifestu sian volon kontraŭ tio, kiun R. Sheldrake nomas morfogenetika kampo, tuj ricevos la viziton de limfoĉeloj, komisiitaj purigi ĉion kio estu ne-mi. La atako al la freneza tumora ĉelo kun ĝia dezirego senfine multobliĝi elaĉetos la harmonion, ekvilibron kaj vivon. Nu, la fina celo estas VIN ESPRIMI, ĉar mi estas sparko de Via Esto - tio kiu mi estas.


Kiam mi alparolas vin, mi scias, ke Vi estas perfekte akceptebla al mi, ĉar Vi estas la AMA UNIVERSALA INTELIGENTO, kiu mirinde konceptis tiun mondon kaj ĝin videbligis. 

  Ĉu estas iu mi, kiu alparolas vin kaj kiu scias pri tiu parol-akceptebleco. Tamen, ne eblas esti alimaniere. La metaforo, ĉikaze, ne sidiĝas sur simileco, kiel kutime, sed sur identeco. Samas, ĉu la frazo estas legata kaj sentata kiel Vi estas la UNIVERSALA AMA INTELIGENTO Mi estas la UNIVERSALA AMA INTELIGENTO. La principo de identeco Mi-Vi, UNIVERSALA AMA INTELIGENTO, inkludas kaj ĉirkaŭprenas tiun ŝajnan dikotomion, ĉar ĝi mem konceptis tiun mondon kaj ĝin videbligis. Nu, videbligi estas manifesti Nemanifestaĵon, tio estas, la Unuo mem, kies nomo estas INTELIGENTA AMO kaj AMA NTELIGENTO de Patro-Patrino manifestas VIVO-n.


Scias mi, ke kiam mi Vin petas alparoli min,  mi sendas lumradion de konscienco al Via Dia Konscienco kaj kiam mi aŭskultos, VI eniros en mian homan konsciencon kaj venos pli kaj pli proksime al mia spirito kaj koro, pli kaj pli akcepteblaj.  

  Plifoje jen Unueco en diverseco, eĉ se diverseco ŝajnigu eldiranton kaj eldiraton de komunikado. Ĉu ekzistas tiu supozebla komuniko inter Vin petas, unuflanke, kaj alparoli min, aliflanke? Nu, tiuj supozeblaj du flankoj konsistas ununuran kaj solan Realon, tiu, kiu mi petis esti al mi rivelata. Do, ne estas komuniko, sed komunio. Kiam mi aŭskultos kaj vivos miakore la Saĝecon de Esto, kiu estas, tiam, mia homa konscienco kaj mia spirito estos en la unuo de la Spirito en kiu ni vivas, moviĝas kaj estas. Kiam, finfine, tiu ŝajna milagro okazos? Certe kiam Tio veros al mi, dum harmonia kaj ama interagado kun ĉiuj miaj similuloj: la lasta celo, kiu ne estas mia, nek via, sed de ĉiu vivantulo sine de Patro-Patrino-Vivo. 


Mi konfidas mian eston kaj vivon al Viaj zorgoj”.

  Nur dirmaniero ornamita de personaj kaj posedaj pronomoj diros tion, kiu estas nepersona kaj libera de posedoj - Vivo. Mia vivo kaj mia esto ĉiam estis ĉe Viaj Zorgoj. Nur la Unuiga Konscienco estas la fadeno, kiu teksas en mi la eston, nekudrita tuniko menciita de la Majstro. Ĉikaze, fidi estas fidi kun - konfidi. Nenio timenda do, se kune mi fidas, konfidas, se ni, finfine, teksas en komunumo la Komunan Unuon de la Vivoteksaĵo.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

PAPAGAIOS!/ PAPAGOJ!

    




PAPAGAIOS!
     Quando deu por si aquela manhã de janeiro cumpria sua transição para a tarde, a maturidade para a velhice e o planeta sei lá para que domínios galácticos. Dúvidas desconcertantes postulam papo com velhos amigos, então me lembrei de Papagaio, amigo com quem tratava de temas filosóficos quando um de nós tinha 10 anos, e me divertia em hipnotizá-lo. Mais novo que eu na escala relativa do tempo, logo ele oscilava no poleiro meio grogue ainda sábio. O tempo voou, mas nossos papos continuam. Basta não se deixar hipnotizar pela ilusória contagem de tempo mistério na certa incontável. Foi a pauta que levei ao amigo.
        - Então, cara? - me olhou maroto.
  Surpreso pelo cumprimento sem o ritual da repetição iniciei por aí e Papagaio reagiu ainda mais surpreendente sem imitação.
    - Curiosa a percepção de vocês apenas crença infundada! Papagaios falam por si mesmos desde que o mundo é mundo! Não imitamos ninguém. Trate de consertar a escuta, meu caro.
Certo que esse caminho seria desvantajoso fui direto ao ponto.
- Então me diga, espertinho! Com tantos mentidos e desmentidos sobre a eficácia das variantes da vacina contra o antigo vírus da Covid-19, devo ou não tomar a dose assim que o embate ideológico permitir?
- Faça o que achar melhor, mas não segundo o seu modesto pensar. O pensamento nunca pode mudar o homem porque o pensamento em si mesmo é um fragmento.
- Papagaios! É a primeira vez que ouço Krishnamurti em voz não humana. Jurava que não era para o seu bico!
- A tolice de vocês não me surpreende. Têm nas mãos a vacina fruto idolatrado da vossa ciência, mera formalidade ou só ironia? Enfim vocês têm a resposta para um problema que sofreu mutação! E segue desafiando o jeito habitual de vocês pensarem e agirem, o chamado paradigma.
- Papagaios! Citar filósofo hindu para nos desancar! E ainda tripudiar sobre o paradigma que informa nossas decisões! Isso é para o seu bico?
  Mais prudente permanecer na ofensiva com perguntas. Ele se desvencilhasse por esquiva ou argumentação razoável. Na sequência movi o peão que melhor pressionava o Rei adversário.
 
        - Por que essa estratégia boba de dar bicadas agressivas no poder do pensamento humano e ironizar nossa ciência? Papagaios têm algo melhor a oferecer?
A resposta fulminante mostrou o invejável domínio dos papagaios em relação ao ego. Papagaios não julgam, não se ofendem, não revidam. Mostrou foco ao evitar bicadas a esmo.
        - Penso que o pensamento faz o seu melhor, crente que pode tudo. Como o pensamento parteja crenças, creio ser hora de largar as crenças. Troco o 'creio' por 'intuo'. Intuo assim ter complementado o pensar e o crer. Se não for só mais uma crença... algo novo nascerá da supra mente tanto quanto intuo incondicionada. Seria meio isso?
        - Papagaios! Nem sei o que dizer! Evocar possível supra mente me atordoa. Quase joguei a toalha confundindo xadrez com boxe. Meio isso?! Ainda me vem com sutilezas e dúvidas retóricas sobre a própria declaração, como para amenizar o poder fulminante do direto no queixo! Balancei nas pernas, quase dobrei os joelhos, mas contra-ataquei no automático buscando respirar no meu corner. Em vão. O gancho derradeiro viria apressar o xeque mate.
        - Agora você sabe estarem suas vacinas preparadas para um vírus... mutante, portanto, só resposta velha… então me diga: como assim?! Os problemas significativos que enfrentamos não podem ser resolvidos no mesmo nível de pensamento em que estávamos quando os criamos. (Einstein, A. CALAPRICE, A., The New Quotable Einstein, 2005.). E mais. Vi na Internet de vocês uma enxurrada de baboseiras na noite que dizem ser a última do ano para o dia seguinte, votos e mais votos de mudanças, soluções, quando o máximo que conseguem é usar pensamentos mágicos e desejos infantis de mudanças desacreditadas na fonte! Ora, por que essa insistência com medidas de tempo quando não têm sequer calendário consensual e único? Calendário cristão gregoriano! Ora, bolas!
  Não nego ter sentido o golpe. Vista turva, nem no automático conseguia mais responder. E ele desfechou o de misericórdia, antes da habitual elegância de derrubar o Rei e cumprimentar o bicudo oponente.
        - Qual foi o período mais feliz na sua vida, Paulo?
  O arremedo de resposta se viesse exigiria telepatia, que a fala articulada já era!
“Papagaios! Sinto que aos dez anos. Morava em bairro proletário do Rio, anos 1960 do tal calendário... gregoriano. Na época tinha um papagaio maroto e meio filósofo a quem tentava hipnotizar com aparente sucesso”. Tive a sensação tênue de ouvir dele o desafio: se tentar me hipnotizar novamente, cuidado! Estudei o tema, fiz cursos, não se espante então se quem acabar dormindo for você, meu querido! 
Abatido, o Rei adormeceu.


******************

PAPAGOJ!


Kiam sin perceptis, tiu mateno de januaro plenumis sian transiron al vespero, la maturiĝo al maljuniĝo, kaj la planedo, kiu scias, al iu galaksia dimensio. Mokaj duboj postulas babilon kun ĉiamaj amikoj, do mi memoris pri Papago, amiko kun kiu pritraktis filozofajn temojn kiam unu el ni 10-jaraĝis, kaj mi amuze klopodadis hipnotigi ĝin. Plej juna ol mi laŭ la relativa temposkalo, iom poste ĝi oscilis sur la bird-grimpilo, ebrieta, ankoraŭ saĝa. Tempo flugis, sed niaj babiloj daŭras. Sufiĉas, ne lasi min hipnotigi de iluzia tempokalkulado, mistero certe nekalkulebla. Jen la liniita papero kiun mi portis al la amiko.


        - Do, kara? - ĝi ruze rigardis min.


  Surpriza pro kumplimento sen ritualo de ripeto, pri tio mi ekbabilis, kaj Papago reagis pli surprizige, sen ajna imitado.


      - Kurioza percepto, tamen nur senfundamenta kredo! Papagoj parolas el si mem ekde la mondo estas mondo! Neniun ni imitas. Zorgu pri via aŭskultado, mia kara.


         Certe tiu vojo estus malavantaĝa, rekte do al la punkto.


- Do diru, lertulo, post tiom da mensogoj kaj malmensogoj pri la efikeco de variantoj de vakcinoj kontraŭ la antikva viruso de la Kovim-19, ĉu mi devas aŭ ne preni dozon tuj kiam ideologiaj interbatoj ĉesos?


- Faru la plej bonon, sed ne laŭ via modesta penso. La penso neniam povos ŝanĝi vin ĉar la penso en si mem estas fragmento.


- Papagoj! Unuafoje mi aŭdas citaĵon de Krishnamurti per ne homa voĉo. Tio ne estis por via beko, mi ĵuris!


- Via stultaĵo ne surprizigas min. Vi havas ĉemane vakcinon, idolkulto de via scienco (ĉu formalaĵo aŭ nur ironio?). Nu, respondo por problemo ne plu ekzistanta, mutaciita, daŭre defia al via kutima maniero pensi kaj agi, la tielnomata paradigmo.


- Papagoj! Citi hindan filozofon por nin ridigi! Kaj krome tromoki pri la paradigmo, kiu informas niajn decidojn! Ĉu tio estas por via beko?


  Pli prudente daŭri atake per demandoj. Ĝi elturniĝu aŭ modere argumentu. Sekve mi movis la peonon, kiu plejbone premis la oponantan Reĝon. 


        - Kial tiu stulta strategio agreseme beki la povon de homa penso kaj ironii nian sciencon? Ĉu papagoj havas ion pli bonan?


La respondo, fulma, montris envieblan regon de la papago rilate la egoon. Papagoj ne juĝas, ne ofendiĝas, ne refrapas. Montris ĝi fokuson evitante sencelajn beko-frapojn.


       - Pensas mi, ke la penso faras sian plej bonon, kredante sin ĉiopova. Ĉar la penso akuŝas kredojn, mi kredas jam temp’ está forlasi la kredojn. Anstataŭos mi 'mi kredas' al 'mi intuas'. Tiel mi intuas komplementitaj la penson kaj kredon. Se tio ne estos plia... kredo, io nova naskiĝos el supramenso. Laŭintue, nekondiĉita. Ĉu tio?


        - Papagoj! Eĉ mi ne scias kion diri! La alvoko al ebla supramenso konsternas min. Preskaŭ mi ĵetis la tukon, evidenta konfuzo inter ŝako kaj boksado. Ĉu tio?! Ĝi ankoraŭ subtilas per retorikaj duboj pri la propra deklaro, kvazaŭ por mildigi la fulman povon de tiu surmentona rekto-frapo! Ŝanceliĝis surgambe, preskaŭ flektis genuojn, sed mi kontraŭ-atakis, aŭtomate, celante spiri ĉe mia angulo. Vane. La lasta hoko-frapo rapidigis la ŝakmaton.

        - Nun, sciite, ke viaj vakcinoj pretas kontraŭ mutacianta viruso, jen do nur senefika respondo… Diru: kiel tiel?! La signifaj problemoj kiun ni alfrontas ne povas esti solvitaj laŭ la sama pensonivelo kiun ni havis kiam ilin ni kreis. (A. Einstein CALAPRICE, A., The New Quotable Einstein, 2005.). Kaj plu. Mi vidis per via Reto lavangon da stultaĵoj la nokton, kiun vi diras esti la lasta de la jaro al la sekvanta tago, plena je bondezir-mesaĝoj pri ŝanĝoj, solvoj, kiam la maksimumo kiun vi atingas estas magiaj pensoj, infanaj deziroj pri ŝanĝoj malkredataj ĉe la fonto! Nu, kial tiu insisto pri tempomezuroj, kiam eĉ interkonsenton pri kalendaro unika vi ne havas? Kristan-gregora kalendaro! Ho ve!


  Ne neis mi senti la frapon. Malklar-rigarde, nek aŭtomate mi sukcesis plu respondi. Venis mizerikorda frapo, antaŭ ol la eblo elegante faligi la Reĝon kaj kumplimenti la oponantan bekulon.


        - Kiu estis la plej feliĉa vivperiodo por vi, Paulo?


  La ŝajna respondo, se venanta, postulus telepation, la artikulaciata parolkapablo for!


“Papagoj! Laŭ mia sento dekjaraĝe. Mi loĝis en proletara kvartalo en Rio, jaroj 1960 de la tielnomata gregora kalendaro. Tiam mi havis ruzan, duonfilozofan papagon, kiun mi strebadis hipnotigi verŝajne sukcese”. Mi havis subtilan impreson aŭdi de ĝi defion. Se vi strebos min refoje hipnotigi, estu zorgema! La temon mi studis, frekventis kursojn. Ne surpriziĝu do se estos vi, kiu dormos, karulo! 

        Malfortika, la Reĝo dormetis.