quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

SUFOCO/ SUFOKO


Resultado de imagem para angústia

SUFOCO

Este poema tem a angústia do condenado à forca

tem correntes grossas no pescoço grosso

tem a tortura das coceiras que não cessam

tem um mistério sob a pele,

cavo e só vem linfa.



Tem este poema o desespero de um coçar insano

tem o silêncio da cobra que troca toda a pele

tem joelhos pernas pés doendo inchados

tem rosto inchado num vermelho eterno

tem calor dentro frio fora vulcão chorando sua lama



Mas tem este poema o anjo que me ama

e me ampara e me acolhe e me instiga à calma e à prece

chora no meu choro e já me fortalece.

Meu anjo serve paciência e sopa e chá

e juntos meditamos e deixo no Ser meu ser pequeno

- Poema só esperança: teu coração desnudo o meu desnuda e ama. 





SUFOKO

Ĉi poemo havas la angoron de kondamnito al l’ pendigilo

havas dikajn ĉenojn sur la dika kolo

havas la torturon de senĉesajn jukojn

havas misteron kaŝitan subhaŭte,

Mi plugas tamen nur jen limfo.



Havas ĉi poemo la malesperon de freneza grato

havas la silenton de l’ serpento kiu ŝanĝas l’ tutan haŭton

havas dolorajn genuojn krurojn piedojn ŝvelintajn

havas ŝvelintan vizaĝon eterne ruĝan

havas varmon ene, malvarmon ekstere, vulkanon plorante sian koton



Sed havas ĉi poemo l’ anĝelon kiu min amas

kaj min subtenas kaj min akceptas kaj min instigas al kviet’ kaj preĝo

ploras mian ploron sed ja min igas fortan.

Mia anĝelo min donas paciencon kaj supon kaj teon

kaj kune ni meditas do mi lasas en la Esto mian mildan eston

- Poemo nur espero: via nuda koro la mian nudigas ame. 

sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

POEMA CURTO/ KURTA POEMO

Resultado de imagem para imagens símbolos metáforas




A Poesia me visita. Sirvo o café

E puxo prosa.

Imagens símbolos metáforas

flutuam no ar feito pássaros.

Papo meio abstrato. De concreto

para a mulher que amo

este poema curto.

*******

Poezio min vizitas. Kafon mi proponas

ekbabile.

Imagoj simboloj metaforoj

Ŝvebas kvazaŭ birdoj.

Iom abstrakta babilo. Konkrete

por la virino amata

ĉi poemo ĝoje kurta.

DESENCONTRO/ NE RENKONTO


Resultado de imagem para desencontro



meu pensar exacerbado
meu sentir destrambelhado
meu querer desmilinguido

indormido, meu pensar fala fala fala
inconstante, meu sentir se cala
indolente, meu querer dormita

turbinado, meu pensar dispara
desvairado, meu sentir gargalha
distraído, meu querer claudica

meu pensar usina de poemas
meu sentir rumina que problemas?
meu querer onde sentado fica?

indormido inconstante indolente
turbinado desvairado distraído
meu poema perde força?
que problema me azucrina?
sentado meditando me pergunto
        e esse desconforto qual o sentido?


 **********

mia penso troa mia sento senbrida 
mia ŝveninta volo

sendorma, mia penso pepas pepas pepegas
malkonstanta, mia sento silentas
maldiligenta, dormetas mia volo

turbinata, mia penso diskuregas
frenezega, mia sento ridegas
distriĝema, lamas mia volo

mia penso uzino de poemoj?
mia sento remaĉas kiujn problemojn?
kie sidanta restas mia volo?

sendorma malkonstanta maldiligenta
turbinata frenezega distriĝema
ĉu mia poemo perdas forton?
kiu problemo min zumtedadas?
sidanta medite mi min demandas
        pri tiu malkomforto kiu senco?





sexta-feira, 17 de novembro de 2017

AGONIA/ AGONIO


Resultado de imagem para agonia

o que o desconforto
deste corpo que arde que geme que sofre?
mesmo desconforto
do corpo da Terra
no Cerrado que arde que geme que sofre!
e o desconforto
deste corpo árvore que arde geme sofre?
o mesmo desconforto
do corpo bicho que arde geme sofre.
o que essa dor
esconde
o que revela?



Resultado de imagem para agonia

kion pri la malkomforto
de ĉi korpo, kiu ardas kiu ĝemas kiu suferas?
la sama malkomforto
de la korpo de l' Tero
en la Savano, kiu ardas kiu ĝemas kiu suferas!
kion pri la malkomforto
de ĉi arbokorpo, kiu ardas ĝemas suferas?
la sama malkomforto
de la besto, kiu ardas ĝemas suferas.
kion ĉi doloro
kaŝas
kion ĝi rivelas?

quarta-feira, 11 de outubro de 2017

A COÇA / LA BATADO

Resultado de imagem para menino assustado
cada coça na infância
me caça e hoje coça
como fagulha e fornalha

cada coçada uma caçoada
quando da vida só queria
afago e cocada

minha mãe se irritava
e lá vinha coça. hoje
na calçada sou eu
quem se caça e se coça

é a vida quem
me cassa?
como cansa!

Resultado de imagem para menino assustado

ĉiu batad' infanaĝe 
hodiaŭ min ĉasas jukas
kia sparko fajrujo

ĉiu juko iĝis moko
dum el vivo nur mi volis
kareson kaj kokosaĵon

kiam panjo ekkoleris
la batado venis tuj.
trotuare nun jen mi
kiu sin ĉasas kaj jukas

ĉu la viv'

ĉasas min?
kia laciĝ'!










sábado, 30 de setembro de 2017

POR MAIS QUE... / JU PLI...

Resultado de imagem para mistério

o banho alongasse a pele esfregasse
aquilo não me largava

o ator gargalhasse a plateia iludisse
algo não se alegrava

me distraísse ou que nem desconfiasse
o corpo mais apodrecia

o tempo parasse isso fosse sandice
mais o sentido escapava
mais a vida se escondia
aquilo me consumia
ferida que não curava

a pele sangrasse a dor velha disfarçasse
e fingisse que saía
mais o sentido fugia
antes que o beijo alcançasse

o espírito se revelasse o propósito se insinuasse
algo não se apresentava
nunca corporificava
ficava aquém da sacada
(era eu que não sacava!)

o fogo saísse da fonte de mistério
a água minasse do corpo da terra
o ar rugisse em furacão
                 restava aquilo: o enigma
                 a dissolver no magma
                 o traçado do grande NÃO!


Resultado de imagem para mistério

la bano ege daŭru la haŭton mi frotu
des pli ne min lasis tio

la aktor’ ridege spektantaron trompigu
des pli malgajadis io

mi distriĝu aŭ eĉ nek suspektu
des pli la korp’ putriĝadis

la tempo haltu estu tio frenezaĵ’
des pli la senc’ skuadis
pli la vivo sin kaŝis
pli tio min konsumadis
vund’ neniel kuracebla

la haŭto sangadu antikva dolor’ maskiĝadu
kaj ŝajnigu iri for
des pli la senc’ fuĝis for
antaŭ ol min trafu la kis’

la spirito montriĝu la celo ekvidiĝu
io ne sin prezentis
neniam enkorpiĝadis
restis cis de la balkono
(mi tion ne perceptadis)

fajro eliru el font' de mistero
akvo fontu el korpo de l’ tero
aero roru kvazaŭ uragan’
                 restis tio: l’ enigmo
                 dissolvis en magmo
                 la skizon de granda NE!

ASPEREZA / MALGLATECO

Resultado de imagem para aspereza



áspero de pele à espera não sei de quê
corpo-lixa corpo-bomba
me movo dentro da insônia
quem sabe uma hora tombo
nada me dá conforto tanta coceira no lombo
parindo o poema torto
ganindo depois do parto:
tô fraco tô feio tô farto!

Resultado de imagem para aspereza

mi haŭte malglata atende pri kio?
fajlila korpo bomba korpo
moviĝas mi tra sendormo
eble iam falonta
neniu komforto venanta
el tioma surlumba juko
mi tordan poemon akuŝas
bojetas mi post l’ akuŝo:
malforta malbela satega!

terça-feira, 19 de setembro de 2017

TURMA ENSK 1968

[Baldaŭ esperante - Eo]

[Em breve em Esperanto - Pt-Br]



Turma ENSK 1968: 49 anos de Formatura!

A ENSK - Escola Normal Sara Kubitschek - fica em Campo Grande, RJ. Àquela época funcionava num prédio pequeno, simpático, acolhedor na Rua Augusto de Vasconcelos. Suficiente para amizades, inquietudes da adolescência, sonhos, confidências, namoros, travessuras no Grêmio Estudantil, bailes com boa música. Estudávamos. E não era pouco. O diploma nos concedia direitos e prerrogativas para o ensino dito primário nas escolas da rede municipal. Bom ensino. Nossos professores e professoras nos marcam até hoje, quer os considerássemos amigos ou algozes nas aulas, cobranças e provas! Muitos aprovados direto para a universidade. Até para a concorrida Medicina. Como a alma não era pequena, tudo valeu a pena!

O almoço comemorativo no sábado, 16 de setembro de 2017, para alguns depois de 49 anos sem se ver. Não deu outra - piadas, sustos, gozações - tudo encantamento, alegria, lágrimas felizes, amizade, amor rejuvenescido, abraços apertados. Saudade de quem se foi e de quem, entre nós, não pôde ir por algum impedimento justo. Logo que apareceram fotos e filmes, a confissão dita ou silenciada dos ausentes: ano que vem, no Jubileu de Ouro, não falto nem que a vaca tussa. Na certa não vai tossir. Nem vai pro brejo! Até lá, encontros intermediários virão. Preparar é preciso. Viver também! Pois tudo vale a pena, que nossa alma não é pequena!

Como prometido, seguem dois poemas insones e comemorativos, lidos por este Autor feliz e agradecido, entre boas risadas. Ouvi falar de lágrimas furtivas. Será?

TURMA ENSK 68

gentil, Regina Vellasco nos recebe em sua casa:
mais quente do que o churrasco nosso fogo, nossa brasa!

perfume de cada frasco, o povo do Sara arrasa.
vestir o uniforme... um fiasco! botão... não chega na casa!

cada frasco boa essência, cheirinho de adolescência,
já não tem ninguém afoito

em geral muita inocência temperava a saliência:
turma ENSK meia oito!




VALENTIA DOS CINCO

na mentalidade reinante
fazer normal um rapaz
era muita valentia:
o cabra perdia a paz
... de tanta coisa que ouvia!

num tal desfile da Pátria
- as meninas todas prosas -
certo menino emburrado
ouve coisas horrorosas:
isso é coisa de veado!

saudades de quem se foi: 
Eduardo e Jorge Euclides
quem aguentou o rojão?
Paulinho, Alfredo e Nagib
em meio a cada mulherão!

- isso não passa de inveja!
e pra essa gente calar
no sábado tinha wi-fi
para a gente namorar
- famoso mela-cueca...
literal e de arrasar!

no grêmio, nossa alegria!
tinha sempre um toca-disco,
nossa carta de alforria.
matou aula? seja arisco!
- eu só vim tirar um cisco
no meu olho que doía!
a desculpa não colou:
- pra sala do Diretor!

era muita valentia
menina a pular portão
e quando uma subia
se arregalava o olhão
quem sabe a saia rasgasse
quando a menina descia!
     felicidade no Sara 
     fluía feito poesia!