quarta-feira, 4 de maio de 2011

ESCRITA NO RITMO PESSOAL NA BUSCA DO AUTOCONHECIMENTO

CURSO EM 10 MÓDULOS - GRUPOS PEQUENOS: duplas ou trios


FACILITADOR: Paulo Nascentes 

EMENTA: Resgate da plenitude do ser na ótica da multidimensionalidade. Sob a forma de Oficina da Palavra, a interação com a poética do texto em termos de leitura/produção. Ênfase na utilização da técnica de escrita no ritmo pessoal, de poemas e letras da MPB - Música Popular Brasileira - no desenvolvimento da produção textual como recurso de autoconhecimento.

BIBLIOGRAFIA:
ANDRADE, Carlos Drummond. Antologia Poética. 18 ed. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1983.
BASSO, Theda [e] Moacir Amaral. Triângulos: estruturas de compreensão do ser humano. São Paulo: Ed. do Autor, 2007.
CLAVER, Ronald. Escrever sem doer: oficina de redação. 2 ed. rev. e ampliada. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2006.
MONTEIRO, Irineu. Walt Whitman profeta da liberdade. São Paulo: Martin Claret, 1984.
MORICONI, Italo (org.). Os cem melhores poemas brasileiros do século. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.
PESSOA, Fernando. Obra poética. Seleção, organização e notas de Maria Aliete Galhoz. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1983.
WHITMAN, Walt. Folhas das Folhas da Relva. Seleção e tradução de Geir Campos. São Paulo: Brasiliense, 1983. Cantadas literárias n° 11.


Turmas abertas em Brasília/DF. Vagas limitadas.
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Telefones: (61) 3468-5921 e 9212-8763
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A REDAÇÃO PASSADA A LIMPO

Paulo Nascentes[1]
 “Penetra surdamente no reino das palavras. Lá estão os poemas que esperam ser escritos. (...) Convive teus poemas, antes de escrevê-los”. (Carlos Drummond de Andrade)

Que mágico poder é esse, que faz da folha em branco, a um só tempo, um dos mais fascinantes e ameaçadores objetos de nosso convívio diário? Repousam sobre ela a caneta, inerte, e a secreta esperança da aurora de um novo texto, claro, limpo como o dia. Por que as teclas da máquina (ou do computador, no caso) mostram-se tão arredias, no início, como alguma esquiva tribo de aborígines aos primeiros e ousados sertanistas? A resposta, simples: a pequena frequência dos contatos.

Aí está o primeiro parágrafo, sofrido e tortuoso. Tentando desenvolver bravamente o tópico frasal que o encabeça. Cremos ser difícil precisar qual desafio maior: escrever ou iniciar no ofício aqueles que pretendem escrever. Afinal, escrever bons textos é tremendo desafio pessoal. Sabem disso o poeta, o publicitário, o jornalista. Até mesmo o profissional da escrita, acostumado às manhas desse estranho ser volátil e pleno de virtualidades: a palavra. Ensinar a escrever bem, então, nem se fala. “Escrever bem”, aqui, deve ser entendido não apenas como obediência às normas da língua-padrão, sem dúvida importante. Mais que isto: trata-se da composição de texto coeso, coerente, com adequada articulação entre as idéias. O problema, em sua dimensão maior e mais contundente, persiste: saber escrever é, antes, saber pensar. Ninguém comunica - torna comum - senão aquilo que comunicou a si mesmo, o que só é possível através da REFLEXÃO, isto é, do ato de fletir, de dobrar-se sobre si mesmo na busca do contato frequente com aquelas ricas e normalmente inexploradas regiões da psique – como o self – a que alguns indivíduos apenas conseguem chegar, aparentemente, se estimulados com exercícios apropriados e vivências selecionadas. O acesso, por meio da chave da reflexão, aos portais internos do ser, parece a condição prévia e necessária, ao menos para o início dos trabalhos da criação textual, como adverte o Poeta: “Convive teus poemas antes de escrevê-los.” É preciso, pois, estabelecer-se o contato frequente e o convívio estimulante com o "reino das palavras", antes da obtenção do produto desejado: o texto escrito. Há que se cuidar, portanto, do processo que viabilize esse produto. Resumidamente, eis alguns passos de um processo que pretende atuar no ser a partir do seu âmago, de forma holística, e não fragmentária: 1) vivenciar técnicas de mobilização expressiva do Eu, entendido em sua totalidade (como a da escrita no ritmo pessoal, sem a qual teremos uma redação "do pescoço para cima", meramente intelectual, se tanto); 2) discutir as relações texto/contexto; 3) interagir com os textos propostos e sua eventual poeticidade; 4) produzir textos (orais/escritos) resultantes dessas vivências; 5) comunicar, de forma criativa, na roda crítica, os textos produzidos; 6) proceder à reescritura (não se trata do tradicional passar a limpo para melhorar letra e, quando muito, aspectos de ortografia). E por último, mas não menos importante, a escrita no ritmo pessoal, um dos caminhos para o autoconhecimento. Aí está, pois, a grande dificuldade e a mesma solução! O procedimento, tecnicamente simples, não exige quaisquer pré-requisitos para que dele se possa beneficiar quem se disponha a vivenciá-lo. Não se está interessado no produto, mas no processo. Assemelha-se ao atleta em seu aquecimento para o jogo. Não é, portanto, o jogo ainda. Eis o momento de contato intenso com o caos pessoal, aquele caos que precede a criação do mundo. No dizer de Nietzsche, “é preciso ter um caos dentro de si, para conceber e dar à luz uma estrela”. O alcance desse procedimento não deve ser subestimado e só será percebido por experiência direta, por vivência pessoal. Quem se dispuser a fazê-lo, por alguns meses, que conte os resultados!

Quanto à interação com os textos e seus contextos, a escolha recai sobre os textos poéticos e, em especial, sobre as letras da nossa MPB. Nela, excelentes poetas é o que não falta. Assim, ao acaso e de memória, citamos Chico Buarque, Tom, Vinicius, Caetano, Gil, Milton, Djavan, Adriana Calcanhoto, Alceu Valença, Cartola, um universo sem fim. Aqueles sugeridos pelo aluno também, já que a motivação é fator imprescindível para a deflagração do desejo de escrever. Aliada ao texto poético, a música emociona, inspira, provoca, convoca e evoca as reminiscências, o ser total. E é o ser total que deve escrever, se se quiser um mínimo de autenticidade. Evidentemente, os desafios não se esgotam aí. Então, entram os passos seguintes do método, a saber, a produção do texto – agora como produto – e a sua reescritura. Mas aí já são outros quinhentos.

Abrir novo parágrafo, agora, poderia não ser a melhor estratégia. No entanto, quem sabe o articulista não esteja pretendendo refletir sobre o ato da reflexão? É possível que aí esteja o veio de onde se extrairá o filão inesgotável. Reflexão. Se nos fosse pedida uma palavra-de-passe para o Umbral da Câmara Secreta das Poesias Irreveladas (vale dizer, qualquer texto criativo), essa palavra, sem dúvida alguma, seria reflexão. E o que é refletir?

Vamos, leitor. Novo parágrafo se anuncia. E, como os demais, não há de ser fácil! Especialmente quando a postura metalinguística busca seu paroxismo - queira isto dizer alguma coisa ou não! Bem, o fato é que reflexão parece ser a faculdade que menos se exerce e estimula em nossas escolas, do Ensino Fundamental, passando pelo Médio, ao Superior. Raramente é dada a oportunidade aos alunos de exercerem seus inalienáveis poderes de refletir, de meditar e de contemplar as ideias a que são expostos e que lhes são, ouso dizer, impostas. Em verdade, em verdade vos digo: é mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha – com erro de tradução e tudo! – que um pobre/rico aprendiz entrar nos reinos dos céus: escrever direito. E o reino dos céus, garante o Mestre, está em nosso interior.

Assim, este sexto parágrafo acaba retomando a discussão iniciada no segundo, ou seja: ninguém comunica senão aquilo que primeiro comunicou a si mesmo. E, possivelmente, aí está o âmago (e o amargo) da questão: criar é tecer uma ponte entre aquilo que se oculta no escrínio de nosso coração e o poder de manipulação da palavra, do código verbal. E, a ser verdade que no princípio era o Verbo, lá estão os poemas (textos, artigos, ensaios, teses, romances) que esperam se escritos.

Saber fechar momentaneamente os olhos, mergulhar no oceânico silêncio interior e dele extrair a sua palavra – plena e original – é, como diria Caetano Veloso, “qualquer coisa”, é estar “pra lá de Marrakesh”. E quando se consegue passar de heteropensado a autopensante, a recompensa pode ser orgástica! Respiração em descompasso, coração aos pulos, o texto se desprende de nós com força capaz de fecundar a mente inquiridora que o tenha acompanhado. E o gozo é mútuo!

A pequena frequência dos contatos que habitualmente fazemos com a nossa contraparte mais íntima e, paradoxalmente, mais ignota revela-se um dos fatores que mais contribuem para nossa eventual falta de ideias, pobreza de vocabulário, falta de originalidade, insistência nas fórmulas gastas, chavões, frases feitas com que descascamos o abacaxi – olha só que primor! – da redação de trinta linhas a ser entregue ao professor na aula seguinte. (Ver a respeito, de Gustavo Bernardo, o livro Redação inquieta). Originalidade, mas como?! Eis que nos acostumamos a olhar o gabarito da questão e a considerar como única a opção que melhor (melhor?) responda ao quesito formulado! E nos esquecemos de “ver com olhos de turista” – no delicioso dizer de Fernando Sabino – aquilo que nossas retinas, fatigadas, veem, mas não enxergam.

Que contribuição nossas escolas, superiores ou não, têm dado para que o aluno se coloque como sujeito de sua aprendizagem, como artífice do seu saber? Que estratégias pedagógicas têm nossas faculdades montado de forma a garantir o espaço para o dizer específico do aluno, para o seu intransferível discurso? Deixemos que cada um relembre sua trajetória escolar pessoal e responda.

Mas... e a difícil questão da linguagem? E as normas da língua-padrão? E as gramáticas, tão profusas nas regras do “bem dizer e do bem falar”, que contribuições trazem – ou que inibições propiciam? – aos que se aventuram nos (des)caminhos da expressão escrita? Enfim, e na hora de se ter a redação passada a limpo? É o que passaremos a discutir brevemente.

Para o professor Uchôa, da UFF, “o ensino centrado em rígidas prescrições é ainda altamente contraproducente, uma vez que o conceito de prescritivo inclui, como facilmente se depreende, o de proscritivo, pois cada 'faz isto' implica um 'não faça isto'” (1981). E é exatamente na questão do tipo de ensino que tem norteado, em grande parte, o trabalho dos professores de Português que devemos centrar nossas discussões. Ensina-se Português, afinal, a pessoas que o têm como língua materna, para quê?

A primeira reflexão que se impõe, objeto já de incontáveis laudas em doutas dissertações e teses, refere-se à insistência das gramáticas normativas, ipso facto, de elegerem uma das variantes da língua, a dita língua-padrão, e dela fazerem a única com direito à cidadania. Tudo o mais que transgrida o que preconizam os literatos ditos canônicos, especialmente escolhidos entre os dos séculos passados, costuma ser atirado à vala-comum quer da pura rejeição (“Isto não é português!”) quer da galhofa e da ironia. Estudo recente, bem fundamentado e em tom por vezes iconoclasta, começa a tornar-se referência obrigatória o livro de 1999 do sociolinguista Marcos Bagno, intitulado Preconceito linguístico: o que é, como se faz. Nele o Autor evidencia o alto grau de estigmatização (gerador e alimentador da baixa auto-estima) a que são submetidos milhões de falantes brasileiros, cujo acesso às variantes de prestígio se vê frequentemente interditado pelas barreiras de um ensino ainda em muitos casos aferrado a regras do “bem dizer e do bem escrever”, que se multiplicam nos “manuais de redação” para os mais variados gostos. Aliás, livrarias vivem abarrotadas desses manuais, alguns excelentes. Nem por isso, tem-se a garantia de resultados infalíveis. Não há receitas de bolo nesse assunto. Todo bom professor sabe disso. E de todas as dificuldades, uma das mais resistentes talvez seja a da busca da autenticidade da expressão. Em outras palavras, a busca da maneira de dizer minimamente original, sem os terríveis chavões, as frases-feitas, a mesmice. Demonstra, também, o quanto o usuário da nossa língua internaliza conceitos de duvidoso valor científico à luz das pesquisas da Linguística. Tantos têm sido os modismos pedagógicos que buscam amparar o professor de português, que o resultado, paradoxalmente, acaba por deixá-lo mais e mais confuso e desalentado. Nessa perspectiva, a variação linguística, inerente a qualquer idioma vivo, tende a ser tomada, de forma acrítica, como sinônimo de deturpação e degenerescência, quando não de gravíssima ameaça de extinção da inculta e bela última flor do Lácio. A propósito, vêm à lembrança os versos da instigante canção, também de Caetano Veloso, “Língua”, que nos remete, pela intertextualidade, a Bilac: “Flor do Lácio, sambódromo, Lusamérica, latim em pó, o que pode o que quer essa língua”. Acresce a isto a ausência de política do idioma séria e consistente, fato também apontado em teses e dissertações acadêmicas. E aqueles mitos apontados por Bagno resultam robustecidos pela nova mania dos “consultórios linguísticos” que infestam a mídia escrita sobretudo. E os exemplos de supostos maus usos da língua são retirados dos próprios jornais que os publicam... E realimentam incessantemente os mitos – “Português é muito difícil”, “A língua portuguesa falada no Brasil apresenta uma unidade surpreendente”, “As pessoas sem instrução falam tudo errado” – e tantos mais de idêntico teor.

Que parágrafo enorme! Nestes tempos de conteúdos e embalagens descartáveis convém não exagerar com o tamanho deles. Desse jeito quem acompanha? Melhor e mais prudente encurtar frases e, se possível, ideias. Complexidade não cai bem. De outro lado, o puladinho das supercurtas também acaba cansando, não é mesmo, resistente leitor? Há que mesclar outras de maior fôlego, de preferência povoadas de operadores argumentativos, conectivos, sobretudo subordinantes, alguns relativos, especialmente aqueles cujo emprego poucos dominam. Pronto. Este termina por aqui, não sem antes insistir que o ensino da leitura – e não excluo muitos universitários, professores, mesmo alguns de português, jornalistas – precisa receber o alento renovado, na hora-do-vamos-ver, das muitas e boas pesquisas que se tem produzido em pedagogia do idioma e em linguística aplicada ao ensino de português, no caso.

Outra reflexão necessária diz respeito ao apoio às pesquisas que ultrapasse o nível da retórica da conveniência, aquela em que se evidencia a distância entre o discurso e a ação efetiva. Precisamos conhecer nossa multifacetada realidade linguística tanto na modalidade atualmente escrita quanto na falada, ora com sabor arcaizante, como nos tribunais de justiça, ora com aparência apocalíptica do caos, nas feiras da periferia. A coletânea de estudos organizada pelo linguista Ataliba de Castilho, A Gramática do português falado, busca justamente este objetivo. E traz contribuições impossíveis de ignorar, se se deseja pautar o ensino nos fatos ali demonstrados. Não se advoga a inadequação de se ter um padrão ideal. O que não se quer é que, a pretexto de se perseguir tal ideal, se negue ou desconheça o padrão real, o instrumento de entendimento, sobrevivência e expressão de contingentes de falantes, de usuários da língua a quem esse bem tem sido historicamente negado, patrimônio cultural de todos os cidadãos que deveria ser, e não apenas daqueles bem-nascidos. Como bem já se sugeriu, com o tratamento habitualmente dado à questão, corre-se o risco de termos em breve o MSL, ao lado do MST. Aliás, muitos dos inscritos no Movimento dos Sem-Língua (bem entendido) também o são no dos Sem-Terra. Lavram a terra alheia e tentam equilibrar-se (“nóis se vira como pode e sobreveve como Deus é servido”) nos terrenos proibidos da dita cultura letrada. Em termos antropológicos, cultura é cultura, sem distinções étnicas, sem pretensas superioridades, garante a ciência, mas, não ainda, a dominante consciência.

Em suma, redigir é desafio, como o é sobreviver com (sempre) menos que o equivalente a cem dólares (e que valente quem o consegue!). Se o texto terminar repentinamente, continuem as reflexões e o desejável debate.

Referências:
ANDERSON, Louise. “Escrita no ritmo pessoal”. (mimeo)
BAGNO, Marcos. Preconceito linguístico: o que é, como se faz. São Paulo: Loyola, 1999.
CASTILHO, Ataliba T. de (org.). Gramática do português falado. Campinas: Editora da UNICAMP/FAPESP, 1990.
KRAUSE, Gustavo Bernardo. Redação inquieta. Rio de Janeiro: Rocco, 2010.
UCHÔA, Carlos Eduardo Falcão. Apostila/notas de aula. Niterói, RJ: UFF, 1981.



[1] Mestre em Letras (UFF/RJ), professor aposentado (IL/UnB), pedagogo, poeta, escritor, terapeuta e focalizador pela Escola Dinâmica Energética do Psiquismo

segunda-feira, 11 de abril de 2011

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

ENTREVISTA CONCEDIDA AO PROJETO MUSICAPOÉTICA



Anand Rao - Fale da tua atuação literária, Paulo Nascentes.

Paulo - Minha poesia se deseja mais e mais substantiva. Minha crônica, bem aguda. Meu conto, um poético encontro, um encanto, corrosão e beijo na medida justa, acidez e doçura. Amargura nem tanto, que lamúria nada constrói! Metapoesia em música arcana; Percurso às avessas; Sobrevida; Letras vivas: os poetas no rádio; Menin: o menino que pintava o acontecer (narrativa poética infanto-juvenil); Murilo Mendes: poesia em ebulição - um estudo das variantes lexicais em poemas de O Véu do tempo, livro segundo de As Metamorfoses. Niterói: UFF/Instituto de Letras, 1989. 122p (dissertação de mestrado). E toneladas de produção inédita (a hipérbole perdoe o poeta).


Anand Rao - Como você sente a arte de escrever, o que representa para você e quem te influenciou nesta arte?

Paulo Nascentes – Dito popular: ‘comer e coçar é só começar’. Revisitando: ‘escavar o viver + escrever o viver = escreviver, a liberdade construída’. Influências: Drummond, Quintana, Vinicius, Neruda, Tagore, Fernando Pessoa, Walt Whitman, Murilo Mendes.

Anand Rao - Em 2010 qual tua atuação literária e quais os projetos para 2011?

Paulo Nascentes - Produzi muito. São textos que me surpreendem quando os releio, pelo estilo inusitado. Em 2011, a produção continua, mas quero estar mais próximo do público em shows e projetos como o ‘MúsicaPoética’ e outros.

Anand Rao - Poesia, Letra de Música, Contos, Receita de Médico, enfim, qualquer texto pode ser musicado, como propõe Anand Rao no Projeto MúsicaPoética? Que achas desta loucura?

Paulo Nascentes – Não há poesia sem um quê de loucura. O ‘MúsicaPoética’ é a sanidade do encontro entre o poético e o musical, amantes de longa data. Criatividade é a ousadia dos loucos, que atiram petardos poéticos nos peitos no poder.

Anand Rao - Achas que o artista alternativo, independente, não famoso deve ser remunerado. Como estás vendo a remuneração destinada a você no MúsicaPoética?

Paulo Nascentes – Remunerar o artista é sinal de decência. É ousar modelos novos. Se o público e o artista ganham, ambos saem remunerados e a cultura circula como moeda limpa.

Anand Rao - Costumo dizer que o show só vai encher se o poeta o divulgar pois, ele se apresenta muito e o público se dilui em suas apresentações. Como pretendes divulgar o Projeto e sua apresentação?

Paulo Nascentes – Além das mídias já previstas no Projeto, o e-mail, as redes sociais, o telefonema, o bizu ao pé do ouvido...

Anand Rao - Quem você indicaria para participar no MúsicaPoética de 2011 como também, 2012?

Paulo Nascentes – Adailton Lima, ator e poeta. Will Goya, filósofo e poeta. Flávio Fonseca, maestro, arranjador, compositor e poeta.

Anand Rao - Alguma coisa ficou pendente que gostarias de colocar nesta entrevista?

Paulo Nascentes – Assim como na produção jazística – arte do improviso para além da técnica – nosso show do dia 29 de janeiro conseguiu agradar e surpreender. O disco do show, com músicas declamadas pelos poetas e musicadas na hora por Anand Rao já estão disponíveis. Contatos pelo email: pnascentes@gmail.com Valeu. Quero mais! 

Assessoria de Imprensa
Projeto MúsicaPoética

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

KIAL KAJ KIEL EKZAMENIĜI PRI ESPERANTO?
Paulo Nascentes

Enkonduko
Internacia Lingvo (ILo) estas ilo. Ne nur, sed ankaŭ ilo. Plibone dirite, internacia komunikilo. El tio venas la unua celo de ĝia lernado, instruado kaj pritaksado: norm-mezuri plejeble fidele la akiritan lingvan komunikkapablon de ĉiu lernanto. Ankaŭ estas fakto, ke oni agas laŭ sia diverstipa motivigo. Nepras do konsideri tiujn diversajn eblojn kaj naciskale kaj mondskale. Se estos sufiĉe da bonaj motivoj por ekzameniĝi inter brazilaj lernantoj de Esperanto, praviĝos kundiskuto de brazila ekzamentipo, ĉu tute sendepende de internacia sperto, ĉu sinergie rilate al alilandaj solvoj. Respondoj eblaj al tiu kaj aliaj demandoj gvidas ĉi artikolon. Malnecesas emfazi, ke ĝia celo estas kunigi disajn informojn pri la temo por pli taŭge diskutigi ĝin. La plej bona ekzamen-modelo por Brazilo estos kompreneble tiu, kiu kontentigos la plej parton de nia agema instruistaro kaj tiu fine agordiĝanta al niaj kulturaj trajtoj. Inviton al pli funda diskuto kaj koncerna ago celas tiu modesta kontribuo.

Kial ekzameniĝi?
Kompreneble unue venas alia demando, malfacile respondebla laŭ mia sperto. Kial brazilano sin motivigas lerni Esperanton? Konsiderante la preskaŭ sufiĉe bonan kapablon kompreni kaj sin komprenigi far de brazilanoj dum konversacioj kun siaj plej proksimaj hispanoparolantaj najbaroj, kial do studi internacian komunikilon? Nur pro tio, ke ĝi supozeble estas “facila lingvo”? Alparoli niajn sudamerikajn najbarojn estas ankaŭ sufiĉe facile, kiam kompreneble ambaŭ interparolantoj decidas faciligi la interkomprenon, ĉu ne? Se tamen oni deziras ampleksigi sian personan amikaran reton, aŭ vojaĝi alikontinenten, do eblas kompreni tiun deziron, kaj la lernado de Esperanto ĉikaze praviĝas.

Inter tiuj, kiuj mem aŭ helpe de kurso lernas Esperanton, certe multaj scivolas pri sia lingvokono kaj parolkapablo post iu lernoperiodo. Ekzamensesioj kadre de brazilaj aŭ tutmondaj kongresoj sukcese ĉiujare okazas, kaj multaj kandidatoj kutime sin prezentas. En universalaj kongresoj tiuj eventoj reprezentas atendatan programeron kaj efektivan monkolekton por la organizantoj. Aparte en Eŭropa kunteksto, nuntempe, tiuj eventoj abundas, kadre de partnera laboro inter UEA, ILEI, ILEI – Brazila Sekcio kaj Edukado.net, kiu profesinivele aranĝas menciitajn ekzamensesiojn.

Kio estas UEA/ILEI ekzameno?
Pri tiu punkto eblas trairi almenaŭ du vojojn: a) esplori fakajn publikaĵojn; b) memori personan sperton. Per tiu lasta mi komencas.

Dum la 22ª Printempa Semajno Internacia[1], okazinta dum la pasko de 2006 en la germana urbo St. Andreasberg, gvide de ILEI/UEA, instigita de D-rino Zsófia Kóródy, estrarano de ICH – Interkultura Centro de Herzberg[2], mi decidis meznivele (laŭ la iama terminologio) ekzameniĝi. Skriba kaj parola sesioj postuladis konojn kaj informojn pri gramatikaj punktoj (uzo de prepozicioj, ig- aŭ iĝ-vortoj, pronomoj), movada historio eŭrocentrita, literaturo kaj redaktado. La sukcesintoj en la skriba parto rajtis partopreni la parolan sekcion. Demandis min pri similaj temoj tri komisionanoj: Peter Zilvar (ICH), Stefan Macgill (ILEI) kaj Zsófia Kóródy (ICH). Laŭvice, unu el ili paroligis min unue pri mia vivstilo, profesio, preferoj kaj poste pri konkretaj situacioj montritaj de bildoj. Ili ankaŭ instigis min opinii pri diversaj temoj. Kiam la demandoj temis pri E-literaturo, precipe el eŭropaj verkistoj, mi proponis komenti, anstataŭ, la poezian verkon de la akademiano Geraldo Mattos, kaj feliĉe ili tion konsentis. Tion mi faris kaj sukcesis aprobiĝi. Malfacile estis tiam tiu ekzameno por mi. Tri jaroj poste, dum la lasta UK, en Bjalistok, mi kandidatiĝis por la nivelo C1, la supera nivelo, laŭ la nomenklaturo de KER. Tiam la novtipa ekzameno laŭ KER ekfuroris en Eŭropo. Male la antaŭan ekzamenon, tiu de la 94ª UK reliefigis la kapablon kompreni kaj redakti tekstojn pri konkretaj kaj abstraktaj temoj, defendi vidpunktojn per taŭgaj argumentoj kaj analizoj. Nur parton de la ekzameno mi sukcesis. Jen bona referenco, kie eblas plibone informiĝi pri la novtipa ekzameno[3].

Kiel ĝi funkcias?
Se oni komparas la antaŭan kaj la nunan version, eblas konstati la emon al plia efikeco. Tio estas rezulto de normigo de tiaj ligvo-ekzamenoj en la tuta Eŭropo, laŭ instigo de Eŭropa Konsilio. “Komuna Eŭropa Referenckadro por lingvoj: lernado, instruado, pritaksado”[4] estas dokumento nepre konsultinda kaj studinda, pro ĝia ter utila enhavo. La antaŭmenciitan retejon mem ni rekte citu: “La ekzamenoj konsistas el tri partoj: gramatika antaŭtesto, skriba parto kaj parola parto. Nur sukcesintoj en la gramatika antaŭtesto rajtas partopreni la skriban parton de la ekzameno kaj, atinginte en tiu skriba parto la sukceslimon de 60 poentoj (el 100), la parolan parton”. Tiu sistemo, pedagogie pli moderna, fakte preterlasas la memorigon de historiaj faktoj kaj nomoj de elstaraj verkistoj, kaj reliefigas tion, kio vere gravas, “la kapablon praktike uzi Esperanton”.

Laŭ la sama fonto, la estraro de UEA rekomendas ke ties delegitoj “atingu almenaŭ la nivelon de la meza ekzameno”. Simile, laŭ la regularo pri la nova ILEI/UEA ekzameno pri instru-kapablo, “kandidatoj devas posedi Esperanton minimume ĝis la nivelo de la meza ekzameno de ILEI/UEA”. Tiu ĉi lasta postulo verŝajne celas mezuri unu el la plej bazan kapablon de ajn instruisto de Esperanto, kiu estas flue kaj kompetente paroli la lingvon. Kiun senson povus havi la instruado de Esperanto per iu ajn nacia lingvo, anstataŭ ol per Esperanto mem? Kiel prepari bonajn E-parolantojn instruistoj ili mem ne kapablaj bone paroli la lingvon instruatan? Memkompreneble tio koncernas al formala instruado de fremda lingvo kaj oni ne forgesu, ke Esperanto estas la dua lingvo por ĉiuj, eĉ por denaskuloj, kiuj tamen plifacile povos sisteme ellerni ĝin.

La informoj kiuj sekvas estas plejparte ĉerpitaj el la jena publikaĵo[5].“Gvidilo al la elementa kaj meza niveloj de la Internaciaj Ekzamenoj de ILEI kaj UEA (2-a eld)”, Roterdamo: ILEI/UEA, 1998. Pli detalaj priskriboj--kaj specimenaj ekzamenoj--troviĝas en tiu libreto. Instruistoj de Esperanto interesataj bone prepari siajn lernantojn nepre legu pliajn detalojn ĉe la retejo[6]. Bone preparitaj lernantoj tutcerte atestos la efikecon de la instru-laboro, de la uzata metodo, de la elektita lernilo.

Nuntempe la hungara sistemo estas la subtenanto de la ekzamenoj de UEA/ILEI. Ne hazarde, ĝuste en Hungarujo multaj studentoj elektas ekzameniĝi pri Esperanto dum abiturientaj ekzamenoj. Kóródy et alii (2008) tiel priskribas la lingvan ekzamensistemon Origo:
La Centro por Perfektiĝo pri Fremdaj Lingvoj de la Universitato Eötvös Lórandn (ELTE ITK) en Budapeŝto, membro de la Asocio de Lingvo-Testistoj em Eŭropo (ELTE) adaptis sian ŝtate rekonitan unulingvan ekzamenon ‘Origo’ al Esperanto. Tiu ĉi lingva ekzameno konforme al la principoj de la Komuna Eŭropa Referenckadro por lingvoj (KER) testas la kvar bazajn lingvokapablojn – la aŭskultadon kaj parolkapablon, la legan komprenon kaj la skribadon –, kaj per ekzata pritaksa sistemo informas la ekzamenantojn pri la nivelo de ilia lingvokono”. Tiuj menciitaj kvar bazaj lingvokapabloj ĉeestu la instruplanojn de niaj instruistoj en lernejoj, kluboj, asocioj. La avantaĝoj de tiu zorgema antaŭpreparo de iliaj klasoj daŭre kaj baldaŭ ekaperos kiel bonaj rezultoj ne nur ĉe ekzamenoj, sed precipe dum konversaciaj rondoj, kaj esperantaj aranĝoj.

Kion oni bezonas por ekzameniĝi? Kiom ĝi kostas?
Eblas nun kandidatiĝi por internaciaj ekzamenoj dum Universala Kongreso aŭ internaciaj aranĝoj okazintaj en Eŭropo gviditaj de internacia rajtigita ekzamenataro. En kelkaj landoj ili troviĝas, nome en Argentino, Armenio, Aŭstralio, Barato, Benino, Belgio, Bosnio-Hercegovino, Brazilo, Britio, Bulgario, Burundo, Ĉeĥio, Ĉilio, Ĉinio, Danio, Ebura Bordo, Francio, Germanio, Hispanio, Hungario, Irano, Islando, Italio, Japanio, Kanado, Korea Respubliko, Kostariko, Kroatio, Kubo, Madagaskaro, Nederlando, Pollando, Rusio, Serbio, Slovakio, Svedio, Svislando, Tajvano, Togolando, Ukrainio, Usono, Vjetnamio. En Brazilo nur prof. Aristóphio Andrade Alves Filho estas rajtigita ekzamenanto.

Tiel legeblas ĉe la paĝo jam menciita de Edukado.net:
“Laŭ Artikolo 8 (c) de la Principa regularo, “Ekzamenotoj devas pagi ekzamenan kotizon, egalan al 60% de M.A.-kotizo de UEA por la loĝlando de la kandidato”. Kutime estas rabato por fruanoncitoj kiuj volas ekzameniĝi kadre de UK. Tiuj kiuj volas ekzameniĝi kadre de UK devas anonci sin al la sekretario de IEK. Tiuj kiuj volas ekzameniĝi kadre de aliaj aranĝoj devas anonci sin al la instanco kiu okazigos la koncernan ekzamensesion. Ĉiuokaze, la kotizo estas pagenda ĉe la enskribiĝo”.

Kiel marŝas landaj Esperanto-ekzamenoj?
Ĉiu aparta lando rajtas difini sian ekzamensistemoj laŭ sia bontrovo. Tio kompreneble devas esti tasko interkonsentita de ĝia instruistaro, laŭleĝe kaj laŭ specifaj kulturaj trajtoj. Ne eblas supozi, ke ĉiuj sistemoj estu egalaj, eĉ en Eŭropo, kies landoj tiom malegalas unu la alian, tio ne okazas. En Ameriko, Afriko aŭ Azio tutcerte la landanoj kaj edukaj aŭtoritatuloj difinos propran sistemon. Tio estas fakto. Tamen, nenio malpermesas sperto-interŝanĝo inter diversaj nacioj, ĉefe se oni konsideras, ke per Esperanto mem tiu internacia kunlaboro restas ege faciligata.

Studemuloj pri tiu temo legu mem pri la internacia situacio ĉe la bonkvalita paĝaro http://www.edukado.net/pagina/Landaj+Ekzamenoj/17132//, kiu ankaŭ petas de ĉiuj interesitoj “kolekti informojn pri la enlandaj ekzamensistemoj pri Esperanto”. Kaj ĝi tiel daŭras: “La listigitaj sistemoj povas esti movadaj kaj ŝtataj. Ni klopodas publikigi la regulojn kaj priskribojn de la ekzamenoj kaj nelastkaze ankaŭ ekzamenspecimenojn.
Se en via lando ekzistas ekzamensistemo kaj ĉi tie vi ne vidas ĝian priskribon, bonvolu kontakti la redaktoron (de la retejo, mi klarigas) kaj helpi akiri la informojn”.

Spite diverstipaj malfacilaĵoj, en Brazilo tradicie Brazila Esperanto-Ligo, pere de sia Eduka Komisiono, okazigas ĉiujare ekzamensesiojn dum la Brazilaj Kongresoj de Esperanto, danke al la voluntula laboro de kelkaj esperantistoj. Eblas al ĉiuj do kandidatiĝi kontraŭ modesta monpago, kiu tamen nur helpas la okazigon mem de la ekzamensesio: testpresigo, oficejaj elzpezoj. Kiel fojfoje anoncite, kelkaj regionaj aranĝoj sinproponas okazigi ekzamensesiojn, kies atestiloj tamen nur validas se rajtigitaj de BEL-Eduka Komisiono. Tiaj partneraj iniciatoj sendube bonvenos, malgraŭ ĝia malfacileco se oni konsideras la kontinentan dimension de nia lando!

Kiun vojon elektos BEL (Eduka Komisiono) kaj ILEI – Brazila Sekcio?
Sendepende de la elektita vojo de ĉiu aparta instanco, laŭ apartaj statutaj dispozicioj kaj celoj, sendube la sukceso de tiu grava eduka entrepreno dependos de koncertita kaj partnera agado. Pro ĝia centjara sperto kaj enlanda pozicio, BEL[7] devos kunordigi la naciskalan ekzamensistemon. La rolo de partneroj de BEL estos tiom utila, kiom ilia laboro ne estu flanka, sed intima kunlaboro. Neniu konscienca estrarano de iu ajn Esperanta instanco volos izolite labori, kiam oni scias, ke la pli bonaj rezultoj devenas de la interkonsentita ago de multaj homoj. Kompreneble, referenco al BEL ne signifas la malmultajn homojn kiuj deĵoras en BEL-Centro Oficejo, alfrontante malfacilajn administrajn ĉiutagaĵojn, sed bone kunordigitan delegitan reton. Kompreneble estraranoj de E-kluboj, ŝtataj asocioj estas ja partoprenantaj membroj de tiu nacia reto. Konscienca estrarano de BEL ankaŭ ne laĉiĝos ĝis sukcesi motivigi la entuziasman partoprenon de junularo plena je potencialo. Kiom da anoj de BEJO, ekzemple, studas Beletron aŭ ĵus fariĝis licenciitaj lingvoinstruistoj? Ĉu tiuj datumoj estas konataj de BEL kaj de nia E-komunumo? Ĉu eblas splori kaj koni tiun realon danke al perreta enketo? Se fakte la kunordiga rolo de BEL (oni legu BEL-Edukakomisiono kaj BEJO) estas centra, kiu estas la rolo neniel flanka de ILEI – Brazila Sekcio? Kara leganto, stariĝu el via komforta seĝo, trinku iomete da akvo, kaj venu malfermkore al tiu diskuto. Pli ol tio, venu al nia nepra kongrua ago post pripenso: “kiel mi povas helpe kontribui kun BEL kaj Brazila Sekcio de ILEI por starigo de nacia ekzamensistemo, tamen kapabla atingi ĉiun brazilan regionon?” Aliloke, legeblas: “El tiuj fakaj sugestoj ni alvenu al niaj propraj konkludoj kaj ĉefe ni tuj ekstarigu seriozan trejnprogramon por niaj instruistoj kadre de ĉiu ŝtata Asocio de BEL – Brazila Esperanto-Ligo, kiel nialanda UEA kunlaboranto”[8].

Kiam tiu temaro eniri la tagordon de ĉiu aparta E-klubo, ŝtata asocio, Esperanta grupo, kaj ĉiu ano diskutigi tiun temon , produkti kaj publikigi raporton, artikolon kun bonaj sugestoj kaj planoj akompanataj tamen de detala tabelo de kiom da horoj vi povos dediĉi al tiu laboro. Trankviliĝu, kara junulo, kara pensiulo! Ne hazarde mi skribis la vorton “laboro”, sed ne la vorton “misio”. Ĉu vi scias (kaj mi konscias pri tio, ke mi tuŝas tiklan temon en Brazilo...), ke kreskanta nombro da eŭropanoj ĉimomente fake kaj profesie laboras ĝuste kiel instuisto de Esperanto, profesoroj de tiuj instruistoj kaj eĉ kiel profesiaj trejnitaj ekzamenantoj? Ĉu vi dubas pri tio? Vi certe rajtas dubi pri tio, sed eble ne post rapida esploro ĉe kelkaj menciitaj retejoj. Ekzemple, ĉu vi scias ion pri la eblo esti stipendiata de ESF – Esperantic Studies Foundation[9] – por trejniĝi kaj diplomiĝi kiel Esperanto-instruisto? Ne? Bonvolu konsulti la koncernan retejon listigitan sube. Vidu, karulo, karulino, vi certe nur bezonos stipendion pro tio, ke via studperiodo en Pollando, ekzemple, estos paga. Vekiĝu, amiko, vekiĝu, amikino, niaj gefratoj eŭropanoj kaj nordamerikaj ne estas ludantaj. Ili serioze kaj profesie postulas monon por kursoj de ili gvidataj. Vekiĝu, gejunuloj de ĉiuj aĝoj, vekiĝu kaj agu!

Referencoj
KÓRÓDY, Z. et al. Esperanto de nivelo al nivelo: lingva ekzameno Origo. Budapest: Idegennyelvi Továbbképző Központ, 2008.
KOUTNY, I. Angla-Esperanta-Hungara etvortaro pri Lernado kaj Laboro. Poznań: ProDruk, 2002.
KOVÁTS, K. (redaktoro) et al. 2ª eldono. Manlibro pri instruado de Esperanto: projekto “Flugiloj de Malfacila Vento” Hago, Nederlando: ILEI: E@I, 2005.
NASCENTES, P. “Komuna Eŭropa Referenckadro: ĉu finfine internacia sistemo por lingvaj ekzamenoj?” In: Brazila Esperantisto, 100-a jaro, n-ro 334, julio 2009, p. 5-7 (daŭrigota sur paĝo 20).
UEA – UNIVERSALA ESPERANTO-ASOCIO. KONSILIO DE EŬROPO.  Komuna Eŭropa Referenckadro por lingvoj: lernado, instruado, pritaksado. Rotterdam: UEA, 2007.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

TRAGÉDIA NA DUTRA

Quase quatro da manhã. Tem alguma carreta desgovernada nas veias, vias, estradas do meu corpo. Completamente alcoolizado, o motorista, perdido o freio, derrapou numa poça de histamina e desencadeou a tragédia, atingindo diversos carros de passeio, as vítimas já na casa das dezenas.

O motorista do veículo vermelho vivo, modelo braço esquerdo, com placas de coceira, sobreviveu, mas seu estado é grave, pela extensão das queimaduras. Os passageiros do modelo braço direito vermelho sangue também agonizam, entre a vida e a morte. Duas crianças nesse mesmo veículo tiveram as costas carbonizadas, sentem dores e coceiras, mas parecem fora de perigo.

A colisão atingiu mais quatro veículos, modelos pés e tornozelos, direito e esquerdo. Quatro especialistas do Serviço de Imperícia Médica do IML estão no local, mas o laudo só sairá em 60 dias, pois as causas do acidente permanecem desconhecidas, e o número de vítimas pode crescer, pois os jovens juízo e autocontrole encontram-se desaparecidos em meio às ferragens e pruridos espalhados numa vasta região.

Há dois dias sem dormir, o motorista da carreta, desnorteado, não tinha completa consciência das dimensões do desastre. Ao nosso correspondente declarou não se lembrar como derrapou na poça auto-imune. Disse que perdeu o freio e ao tentar desviar da outra carreta que vinha em sentido contrário atingiu vários veículos, capotando em seguida. Ninguém foi hospitalizado, que a cura deve se dar como nos tempos da abertura oferecida pelos militares - lenta, gradual e segura.

Do trágico acidente, além dos mortos e feridos, sobrou entre as ferragens retorcidas essa crônica xinfrim, com toques de humor insano e doses de poesia desnutrida e diluída em meio copo d'água. Recomenda-se agitar a solução - se alguma houver, nesse caso.

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

DORMI: ĉu staĝo por morti?

Dormi estas unu el tiuj misteroj, kiujn mi iom post iome senvualigas. Senhaste. Iom ĉiunokte. Foje, eĉ tage, mi min perceptas sperte tiun misteron. Tiam, el mia vidpunkto, nur mi dormas, kiam mi ne konscias pri dormado. Nek vivo. Nek morto. Mistero!

Ĉimomente mi scias, ke mi ne dormas, ĉar mi verkas ĉi tekston. Laŭ mia scio, mi ne kapablas verki dum mi dormas. Kaj mi sukcesis dormi neniom ĝis nun, ĉar mi surlitadis, preskaŭ dormanta, sed min pridemandanta, kio estas dormo. Kaj kiu rilato estas, se iu estas, inter dormado kaj mortado. Ĉu pripensadi pri kiel okazas dormado povus min klarigi pri mortado? Ne pri la ĉiesa mortado, sed pri la mia, iam spertota. Ho ve! Jen paradoksoj!

Kiamaniere mi scias, ke mi ne (ankoraŭ) dormas? Mia konscio min diras, ke mi ne dormas tiam, kiam mi perceptas iun mion (mia korpo, pli simple mi diru) kaj iun ne-mion (matracon, ekzemple, kiun mi scias kuŝi sub mi, sub mia korpo, se tiel oni preferas). Sed, iumomente, kiun mi ne kapablas kontroli, puft!, ne plu mia korpo, nek matraco, nek mia aparta viv-historio, nek pensoj, emocioj, sentoj, nenio! Malaperis ĉio, kiun mi kredis estadi... Dum mi dormas, nenio el tio eĉ ekzistis, verŝajne. Eble sonĝo. Sed tion mi nur scios, se kaj kiam mi vekiĝos. Klarmensaj sonĝoj, ilin mi nur konas laŭ libropriskriboj. Tamen, eĉ la plej bongusta recepto de pudingo ne min montras la gusteton de pudingo-mordado. Eĉ sonĝaj pudingoj.

Pri la temo de sonĝoj mi eĉ ne tuŝu – mistero por alia babilo. Kiam mi ne plu estos porĉiame konscia, de tiu mia humana starpunkto de iu aŭ io aparta de ĉio ajn, de matraco kaj de mi mem, eble oni diros, ke mi mortis. Kompreneble objektivaj testoj de tielnomataj ‘aliuloj’ (suposeble vivantaj) atestos, ke mi mortas. Ĉu mi scios aŭ ne, kiam mi mortos, ke tiam mi estos morta, tion ne mi scias. Mi eĉ ne volas scii. Kiucele?  Efektive, tio estos tiom utila, kiom provi scii la guston de pudingo laŭ legado de receptolibro... Kompreneble, dume, ankoraŭ mi rajtas legi pri la morto kaj pri la postmorto en Biblio, Korano, Tibetana Libro de la Mortintoj. Tiom interesaj kiom receptolibroj... ili estas.

Ekde kiam mi naskiĝis, mi spertadadas la ritualon dormi. Preskaŭ ĉiam nokte. Estas tamen esceptoj. Do, mi ĉiutage praktikadas por sperti kia estas morti. Tamen, malgraŭ ĉio tiu trejnado, ankoraŭ ne ververe mi eniris la maĉon. Ne laŭ mia scio, ĉar mi ĉimomente verkas! Tial, eble, nek mi dormas, nek mi mortas. Kial mi diras eble? Nu, kiu tion scias? Trejno estas trejno, sed maĉo estas maĉo! Nun mi revenas liten. Jam temp’ estas por trejni. Pardonon!

DORMIR: estágio de morrer?

Dormir é um desses mistérios que vou desvendando aos poucos. Pouco a pouco. Um pouco a cada noite. Às vezes, mesmo de dia, me descubro vivenciando esse mistério. E, do meu ponto de vista, só durmo quando não estou consciente de estar dormindo. Nem acordado. Ou vivo. Ou morto. Que mistério!

Sei que (ainda) não estou dormindo por estar escrevendo este texto. Que eu saiba, não sei escrever quando estou dormindo. E não consegui dormir até agora, porque estive na cama, pronto para dormir, mas a me perguntar o que exatamente é dormir. E que relação tem, se é que tem, com morrer. Refletir sobre como se dá o dormir poderia me dar pistas sobre o morrer? Não o morrer genérico, mas o meu, que um dia vou vivenciar. (Epa! Começaram os paradoxos...).

Como sei que (ainda) não estou dormindo? Minha consciência me diz que não estou dormindo quando percebo um eu (meu corpo, digamos, para simplificar) e um não-eu (o colchão, por exemplo, que sei estar embaixo de mim, do meu corpo, se prefere). Mas, num dado momento, que não sei controlar, puft!, nem mais meu corpo, nem colchão, nem minha particular biografia, nem pensamentos, emoções, sentimentos, nada! Sumiu tudo o que eu pensava estar sendo... Enquanto durmo, nada disso sequer existiu, ao que parece. Talvez um sonho. Mas, só vou saber se e quando acordar. Sonhos lúcidos só conheço de descrições em livros.  Mas, a mais saborosa receita de pudim num livro não me revela o gostinho de uma mordida no pudim. Mesmo os pudins sonhados.

No tema dos sonhos nem vou entrar – mistério pra outra prosa. Quando não mais estiver consciente de vez, desse meu ponto de vista humano de alguém ou algo supostamente separado de tudo o mais, do colchão e de mim mesmo, possivelmente dirão que morri. Claro que exames objetivos dos que chamo de ‘os outros’ (supostamente vivos) confirmarão que estou morto. Se vou ficar sabendo ou não, quando estiver morto, que então estaria morto, não o sei. Nem vou querer saber. Pra quê? De prático, vai ser tão útil como tentar saber o sabor de um pudim pela leitura de um livro de receitas... Claro que, por enquanto, ainda posso ler sobre a morte e o pós-morte na Bíblia, no Corão, no Livro Tibetano dos Mortos. São tão interessantes quanto... livros de receitas.

Desde que nasci, venho praticando o ritual de dormir. Quase sempre à noite. Mas há exceções. Assim, venho ensaiando diuturnamente como é morrer. Mas, com todo esse treino, ainda não entrei no jogo pra valer. Não que eu saiba, pois estou escrevendo agora! Por isso, provavelmente, neste instante nem durmo nem estou morto. Por que digo provavelmente? Ora, quem vai saber? Treino é treino, e jogo é jogo! Agora volto pra cama. É hora de treinar. Com licença!

terça-feira, 2 de novembro de 2010

PRESENTE - NUNDONACO

 Tenho só presente. Presença eterna que em mim respira.
Ando ao andar. Faço ao fazer. E o caminho se faz.
E se desfaz-refaz.
  

Nur estantecon mi havas. Eterna ĉeesto ĉe mi spiranta.
Dumpaŝe mi paŝas. Dumfare mi faras. Dumvojo vojiĝas.
Kaj malvojiĝe reiĝas.
Paulo Nascentes

MANUAL DE SEMÂNTICA



Me demita ou me prenda:
quem foi o salafrário,
chamou imposto de renda
à rapina no salário?!

In: Paulo Nascentes. Sobrevida.