BODAS DE OURO (ALQUÍMICO)
meio século de convívio
com um não-sei-bem-o-quê
muito pouco de alívio
muito muito de sofrer
cinquenta anos: enganos
desenganos reenganos
a dor por mestre implacável
o mal dito incurável
debocha das medicinas
- dor sem remédio e sem tédio
dor que dói e que azucrina
posso sentir na pele
ardor sem pé nem cabeça
ou secura que revele
tudo o que eu já não conheça:
noites com sono ausente
afogadas num edema
se transformam de repente
num bom mote de poema
a pele e sua escritura
são o papel e a pena
que registram a tortura
da poesia no poema
alopatia isopatia
homeopatia o teu pra sogra
mesmo a naturopatia
fica tudo a mesma droga
que a coceira vem vermelha
ora empola ora arrepia
isto até já se sabia...
em que a dor se assemelha
com a flor da poesia?
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